Profissional diz esperar orientações
O médico cubano Juan Melquiades Delgado, 54 anos, voltava do trabalho ontem em uma aldeia indígena para a zona urbana de Zé Doca, no interior do Maranhão, onde vive há cinco anos, quando foi surpreendido com a notícia de que Cuba anunciou que deixará o programa. “Não sei como vou ficar agora. Estou esperando as orientações de Cuba”, diz ele.
Em Zé Doca (a 313 km da capital, São Luís), o médico se casou com Ivanilde Lopes da Silva, agente de saúde na região. “Construí uma vida no Brasil. Eu gostaria de continuar e terminar meu segundo contrato, que vai até fevereiro de 2020. Depois, voltar para Cuba e começar uma vida nova com a minha mulher lá”, afirma.
“Acho que ele fala o que acredita ser melhor para o Brasil”, diz, sobre o presidente eleito, Jair Bolsonaro.
O médico diz que irá seguir as ordens de Havana. Segundo ele, o país nunca atrasou o pagamento dos repasses aos médicos cubanos.
Em geral, os médicos cubanos ficam em municípios menores e mais distantes das capitais, onde há menos interesse de brasileiros em ocupar as vagas —pelas regras do programa, médicos brasileiros têm prioridade na seleção, seguido de brasileiros formados no exterior, médicos intercambistas (outros estrangeiros) e, por último, médicos cubanos.
O contrato vale por três anos. Em 2016, no entanto, o governo abriu a possibilidade para renovação dos contratos a cubanos que possuem família no país, desde que com aval de gestores municipais.