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Lusa tenta manter acordo e evitar novo leilão do Canindé

Clube rubro-verde entra com recurso no TRT para que o trato com ex-atletas por dívidas siga ativo

- Alberto nogueira

Com dívidas que ultrapassa­m R$ 300 milhões, a Portuguesa luta na Justiça pelo direito de continuar pagando um acordo trabalhist­a firmado no ano passado com cinco ex-atletas para evitar o leilão do estádio do Canindé.

O clube entrou com um recurso no TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho) para que o trato homologado em julho de 2017 na 59ª Vara do Trabalho e rompido posteriorm­ente pelo juiz a pedido dos reclamante­s siga válido.

Os cinco ex-jogadores do clube que fazem parte do acordo milionário recebem parcelas de R$ 50 mil mensais. No total, são 19 pagamentos para Ricardo Oliveira (hoje no Atlético-mg), 292 para Rogério Pinheiro, 15 para Rafael Alves, 120 para Tiago Barcellos e 501 para Marcus Vinícius, totalizand­o R$ 47 milhões. O valor representa cerca de 16% da dívida total do clube.

“A Portuguesa tem pagado de forma precária, atrasando toda parcela em até 30 dias. Queremos o fim do acordo e levar o estádio [Canindé] a leilão”, afirma a advogada Gislaine Nunes, representa­nte dos ex-atletas da equipe.

Esses atrasos, porém, estão dentro do limite estipulado no acordo, ao qual a reportagem teve acesso.

Segundo consta no documento, a inadimplên­cia passa a ser considerad­a somente após 30 dias.

“O mesmo juiz da 59ª Vara do Trabalho que fez e homologou o acordo marcou nova audiência meses depois e, porque não quisemos aceitar um novo trato, cancelou o que havíamos feito. Há uma cláusula que poderíamos rediscutir os termos e os valores, mas isso só pode acontecer se as duas partes aceitarem a nova proposta”, explica Tatiana Morgado, advogada da Portuguesa.

Os valores ainda estão sendo pagos, parte na conta da representa­nte dos jogadores, parte em juízo, segundo a defensora do clube.

A advogada afirma que o time não pode pagar mais do que o previsto no trato inicial antes de ter parceiros para investir no Canindé, o que geraria novas receitas.

“Deixamos de investir no futebol para pagar as contas. Algumas estão no fim. Enquanto não entrar mais dinheiro, não podemos pagar mais do que já pagamos.”

Valores estratosfé­ricos

As dívidas de alguns jogadores chegaram a valores exorbitant­es por causa da antiga redação da Lei Pelé. Marcus Vinícius de Souza Ozias, 45, por exemplo, não completou uma temporada com a camisa da Portuguesa, mas o rompimento de seu contrato gerou uma dívida de pouco mais de R$ 25 milhões ao clube, parcelada em 501 vezes de R$ 50 mil.

A primeira versão da lei determinav­a que em caso de rompimento unilateral do contrato pela equipe, o contratado poderia receber até cem vezes o seu salário.

“Eu não estava recebendo salário, então consegui na Justiça o direito de ficar com o meu passe. Acordos foram feitos com ex-presidente­s da Portuguesa, mas nenhum deles cumpriu. Isso gerou multas e juros”, conta Marcus Vinícius, que afirma que o atual presidente, Alexandre Barros, é o único que tem honrado o combinado na Justiça, mas que não gostaria de receber tudo quando “tiver quase 90 anos”.

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Rivaldo Gomes - 30.abr.18/folhapress O estádio do Canindé corre o risco de ir a leilão novamente por causa de dívidas trabalhist­as da Portuguesa com ex-jogadores; clube tenta manter acordo no TRT

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