Agora

População teme ficar sem médico com saída de cubanos

Moradores elogiam o atendiment­o dos profission­ais e lamentam o fim do Mais Médicos

- Elaine granconato

Um dia depois de o governo de Cuba anunciar a saída do programa Mais Médicos no Brasil por divergênci­as com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), a reação da população que utiliza a rede de atenção básica foi imediata. No país, do total de 18.240 vagas, 8.332 são ocupadas por profission­ais cubanos em cerca de 4.000 municípios.

De sete municípios do ABC, Mauá, por exemplo, é a cidade que mais será prejudicad­a. Do total de 42 médicos inscritos no programa,33 são originário­s de Cuba. Santo André vem na sequência, com 18 cubanos, de 32 profission­ais. Apenas São Caetano não aderiu ao Mais Médicos na região.

No caso de Mauá, somente na UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Primavera, área de periferia, trabalham três cubanos, sendo duas mulheres e um homem. “Então, ficaremos sem médicos no posto. Isso não pode ocorrer”, diz, perplexa, a comerciant­e Zuleide Francisca de Lima Bento, 49 anos.

Zuleide conta que frequenta a unidade junto do marido e das duas filhas adolescent­es, 13 e 17 anos. Lá, costuma ser atendida pelo clínico geral cubano Benedicto Ruiz Soto, 34 anos. “Gosto muito dele. Conversa bastante com a gente”.

O profission­al também foi elogiado pelas irmãs Michele e Janete Bartu, 41 e 38 anos, respectiva­mente. “Ele conversa com o paciente. Dá atenção. Nem se compara com o atendiment­o dos brasileiro­s. Se for embora, fará muita falta”,diz Michele, atualmente sem emprego.

Opinião compartilh­ada pela dona de casa Eni Mendes da Silva Soares, 65. “O doutor Benedicto não pode ir embora. Ele é ótimo e nos atende muito bem. Outro dia, passei mal em casa, e ele veio aqui me atender”.

Ex-secretária de Saúde em Santo André e médica titular de Saúde Coletiva na Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André, Vânia Barbosa do Nascimento aponta que os médicos cubanos estão sendo injustamen­te indiscrimi­nados. “São profission­ais muito bem formados, que ganharam o respeito do brasileiro”, afirma.

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Robson Ventura/folhapress A comerciant­e Zuleide Francisca, 49 anos, moradora de Mauá (ABC); ela lamenta o término do programa

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