Profissionais dizem que cumpriram a missão e vão fazer falta no país
Com misto de tristeza e surpresa, vários médicos cubanos ouvidos pela reportagem ontem disseram que retornarão para Cuba com orgulho. Mas temem que a população brasileira que utiliza a rede pública de saúde fique desassistida.
“Infelizmente, a população que irá sentir nossa falta, principalmente o Brasil, que possui tanta carência de atendimento médico”, disse a médica Yaribel Litort, 29, que trabalha na Unidade de Saúde do Parque Andreense, uma das áreas mais carentes de Santo André.
Nesta unidade, a médica ressalta que ela atende a toda região.”não existe outro profissional generalista ali. Temo pela população mais carente que utiliza o SUS (Sistema Único de Saúde). Do mesmo jeito que vim, volto”, diz Yaribel,que chegou em agosto de 2016 no Brasil e começou o trabalho na rede de atenção básica em outubro do mesmo ano.
Formado há nove anos em universidade de Cuba, Benedicto Ruiz Soto, 34 anos, que atual na UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Primavera, diz que, se tiver de voltar para o seu país, voltará sem problema algum. “Lá, terei trabalho também e encontrarei com minha família. Aqui, além de saudade, deixarei muitas amizades que fiz pelo meu trabalho”, diz o profissional, que também aprecia a comida nordestina.
Com 25 anos de formação e mãe de dois filhos e avó de dois netos, uma dos 33 profissionais de Cuba em Mauá, que não quis se identificar, foi mais crítica. “Eu não tenho que mostrar que sou médica para o presidente eleito. Achei isso falta de respeito”, afirma, indignada referindo-se a recente declaração do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).