Investigação avança em rede de Cabral
Dois anos após a prisão de Sérgio Cabral (MDB), as investigações sobre o caso avançam para os “tentáculos” do esquema atribuído ao exgovernador do Rio.
Alvo de 26 ações penais, oito condenações a 183 anos de prisão, Cabral é suspeito de manter uma rede de mesadas que reúne mais de 60 pessoas, que vão desde o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) a um fundador de um bloco carnavalesco.
Os beneficiários também foram parentes, funcionários de baixo escalão do Palácio Guanabara e secretários de estado. Os valores variam de R$ 150 mil a R$ 500 mensais. Somados, perfazem um gasto de quase R$ 4 milhões só em mesadas.
A maior parte dessa rede foi revelada pelo economista Carlos Miranda, que firmou acordo de colaboração premiada com a Procuradoriageral da República. Ele sairia ontem da prisão, como parte do acordo, o que não ocorreu até a conclusão desta edição por problemas burocráticos.
Cabral é acusado de pedir 5% de propina sobre contratos do estado durante sua gestão (2007-2014).
As denúncias já identificaram R$ 418 milhões em propina. Há outras frentes de investigação que devem ampliar este valor. “Sabemos que não foi só o que narramos nas denúncias. Adotamos uma postura conservadora, de apontar o que realmente tem elementos concretos para embasar”, diz o procurador Leonardo Freitas.
Um dos principais desafios do atual estágio da investigação é obter provas que corroborem o relato de Miranda. Minutos antes de ser preso, ele jogou num lago de sua fazenda o computador em que controlava toda essa rede de pagamento.
O Ministério Público encontrou com a ajuda de mergulhadores a máquina. Mas os arquivos ainda não foram recuperados —mesmo com a ajuda FBI, espécie de polícia federal americana.