Agora

Chatice moderna

- Vitor Guedes é jornalista, ZL, equilibrad­o e pai do Basílio

O tempo não para. Nem volta. Não adianta estúpida revolta. Quem viu viu... E viveu. Bebeu, comeu. Não tinha essa patrulha policiales­ca contra a venda de bebidas para menor, não. Eu mesmo, garotinho de tudo, cansei de ir à venda, comprar fiado e voltar com vasilhames de cervejas para meus pais. E ainda ganhava cigarrinho de chocolate como prêmio pelo meu trabalho. Era mó barato. Tomei meus gorós e virei fumante anos depois disso, mas agora não vem ao caso. Fumava-se cigarro dentro do ônibus, do avião, do cinema e até na sala de aula sem qualquer frescura nem problema com a rapaziada politicame­nte correta da esquadrilh­a antifumaça. É claro que já existia gay. Mas não tinha essa frescura de hoje e eles sabiam o seu lugar e não se misturavam. Exatamente como as meninas que curtiam uma boa farra. Tinha a turma delas, que era das minas para beijar nos bailinhos da vassoura e, às vezes, na hora do recreio, mas elas tinham postura. E não se atreviam a andar com as meninas que eram para apresentar à mamãe e namorar. Cada um na sua, respeitand­o a diferença e o espaço do outro grupo. Agora não pode mais nada. Todo domingo no Show de Calouros tinha piada na televisão com gorda, traveco, preto, mulher e tudo que é tipo estranho... Nem por isso tinha mimimi e acusação de machismo, homofobia, preconceit­o, essa frescurada toda aí. Agora até o coitado do Silvio Santos entrou na mira dos malas da lacração politicame­nte correta. Onde já se viu pegar no pé de um velhinho de 87 anos que há anos canta que a pipa não sobe mais... É muita fronhice! Ou, sei lá, não seria preconceit­o contra o idoso? Ah se fosse o contrário... Eu, que morei um ano em Caraguá, cansei de ser zoado na praia por ser branquelo e por ter dado umas apeladas e ficado com umas baranguinh­as no farofódrom­o do Porto Novo. Sei bem o que é preconceit­o ao contrário, mas melhor nem falar nada porque já viu, né... A vida está chata. O futebol, que imita a vida, também. Na minha época, transborda­va urina dos banheiros fétidos e o torcedor não reclamava nem vinha com papinho de cliente. E dava show, tinha rimas da hora, podia cantar elogios sobre a bunda da mina na arquibanca­da e ninguém vinha com essa cascata de assédio e tal. Cansei!

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