Doria deve dispensar parceria para construir linha 6-laranja
Tucano teme que obras paradas desde 2016 se tornem entrave para outras parcerias privadas
O projeto da linha 6-laranja do metrô Foi a primeira parceria público-privada integral do Brasil, com iniciativa privada responsável pela construção e futura operação de extensão passageiros estimados por dia
é o tempo de concessão ao consórcio Move São Paulo (Odebrecht, Queiroz Galvão, UTC e Fundo Eco Reality)
é o valor da obra, dividido entre governo de SP e concessionária Início das obras Suspensão das obras
Chineses que assumiriam a obra desistem de projeto
Governo de SP inicia rescisão do contrato
O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), cogita dispensar a PPP (Parceria Público-privada) e adotar contratos convencionais para retomar as obras da linha 6-laranja do metrô. A linha, com 15 km e 15 estações, é prometida há dez anos, mas foi paralisada após entrave.
A construção, iniciada em 2013, já consumiu R$ 1,7 bilhão em obras (41% em recursos do estado) e R$ 984 milhões em desapropriações. O custo para finalizá-la deve ultrapassar R$ 9 bilhões —valor que ainda pode aumentar após atualizações.
Anunciada em 2008, na gestão José Serra (PSDB), a linha 6 chegou a ser prevista para 2012 e, após a assinatura do contrato, para 2018. O percurso entre a Brasilândia (zona norte) e a Liberdade (centro) ganhou o apelido de “linha das universidades”, devido às paradas perto de instituições de ensino.
Empresas participantes da PPP —como Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC Engenharia— viraram alvo de investigações de corrupção em outros contratos pelo país. Sem conseguir financiamento, paralisaram as obras de metrô em setembro de 2016, com apenas 15% de avanço.
O consórcio tentou trocar sócios e convidou uma gigante estatal chinesa para assumir, mas a empresa também desistiu da linha. No último dia 16, o conselho gestor de PPPS aprovou o processo de caducidade do contrato de concessão.
Doria, que tem nas desestatizações uma bandeira política, avalia realizar a obra de maneira convencional, sem PPP, por falta de alternativas para a parceria privada. A dificuldade é achar interessados em tocar uma obra dessa magnitude, o tempo de um novo processo de contrato de PPP e os riscos devido ao espólio da construção abandonada, chamariz para discussões judiciais.
Somente após a conclusão do processo de caducidade o governo poderá realizar novos estudos de modelagem econômico-financeira e realizar consultas públicas para lançar novo edital.