Falta de diálogo com partidos é criticada
Líderes das bancadas evangélica, ruralista e da bala afirmam que Jair Bolsonaro (PSL) terá que recuar e negociar com os partidos para aprovar medidas importantes em seu governo.
Fiel ao discurso de campanha de que iria acabar com o tradicional toma-lá-dá-cá, o presidente eleito tem até agora escolhido seus ministros em articulação com as frentes parlamentares conservadoras, excluindo negociações com partidos.
A intenção é construir maioria no Congresso tendo como base os integrantes dessas bancadas. Os próprios líderes dessas frentes, porém, disseram que essa estratégia é equivocada e terá que ser revista.
“Bolsonaro conhece o Parlamento mais do qualquer um de nós. Está aqui há quase 30 anos. Deve ter um plano B, que a gente não sabe ainda. Ele não arriscaria jogar o governo dele no lixo. Ele sabe que em toda a democracia do mundo se você não conversar com partido você não consegue votar”, diz Marco Feliciano (Podemos-sp), um dos líderes da ala evangélica da Câmara.
Em atendimento ao grupo ruralista, Bolsonaro indicou para o Ministério da Agricultura a deputada Tereza Cristina (DEM), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. Logo em seguida, o presidente nacional do DEM, ACM Neto, fez questão de declarar que a indicação não era do partido.
Já a bancada religiosa vetou nome para a Educação e pode emplacar no posto o procurador Guilherme Schelb (leia mais na pág. A15).
Líderes de diversos partidos relataram à reportagem que até agora não tiveram nenhuma interlocução com o presidente eleito ou seus representantes.