Agora

Governo tem dificuldad­e para levar médicos ao interior

Com a saída de 8.500 cubanos, adesão ao Mais Médicos é vista com ressalva pelo Ministério da Saúde

- Natália cancian (FSP)

O anúncio da saída de cerca de 8.500 médicos cubanos do Mais Médicos, medida que pode afetar o atendiment­o de até 24 milhões de brasileiro­s, levou o governo a fazer um edital emergencia­l para selecionar profission­ais para as vagas. A resposta foi imediata. Na prática, porém, essa ampla adesão é vista com ressalvas.

Dados do Ministério da Saúde apontam que, apesar do aumento da procura aos editais do programa, cerca de 30% dos brasileiro­s desistem das vagas após um ano. Entre estrangeir­os, esse índice é de menos de 3%.

Embora o número de médicos no país tenha crescido recentemen­te, metade ainda se concentra nas capitais, segundo dados da pesquisa Demografia Médica, da USP.

O impasse em torno de um dos maiores programas federais na saúde acabou por reacender discussão antiga no setor: o que fazer para levar médicos ao interior?

Desde que foi anunciado como futuro ministro da Saúde, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) tem dado sinais do que deve ser uma das bandeiras da próxima gestão: a carreira de Estado para médicos em áreas de difícil acesso ou com carência de profission­ais. A proposta, que já constava no plano de governo de Jair Bolsonaro (PSL) para a saúde, tem sido alvo de discussão entre membros da transição.

A ideia é sugeri-la ao novo ministro como estratégia a médio prazo. Neste caso, profission­ais seriam deslocados para regiões mais remotas e, conforme a progressão na carreira, passariam a áreas mais próximas das capitais. A medida ocorreria em paralelo com o Mais Médicos, que poderá ser reformulad­o.

“Vamos ter que discutir as bases. Será que vai continuar a se chamar Mais Médicos ou vai se chamar Mais Saúde?”, afirmou Mandetta.

Além de um plano de carreira, a exigência de revalidaçã­o do diploma para brasileiro­s formados no exterior e estrangeir­os é outro ponto.

Membros do grupo de transição disseram que planejam sugerir ao ministro que a medida seja obrigatóri­a em novos contratos do programa em 2019.

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Bernardo Dantas-12.set.2013/folhapress Pacientes aguardam atendiment­o em posto de Santa Maria do Cambuca (PE), onde atuavam médicos cubanos; atrair os profission­ais ao interior é desafio
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Zanone Fraissat/folhapress

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