Agora

Em busca da boquinha

- Presidente: Editor Responsáve­l:

Depois da bandalheir­a revelada pela Operação Lava Jato, os políticos tiveram de colocar limites na farra com as empresas estatais.

Afinal, a Petrobras era o centro dos maiores escândalos de desvio de grana. Muita lambança também foi descoberta nos últimos anos no Banco do Brasil e nos Correios, para dar apenas alguns exemplos.

Por isso, foi aprovada em 2016 uma lei para tornar mais transparen­te e profission­al a administra­ção das companhias controlada­s pelo poder público. Entre as principais providênci­as estava proibir a nomeação de políticos e seus parentes para os cargos de comando.

A turma votou isso porque era preciso dar alguma satisfação ao eleitorado, mas a ideia de perder a boquinha nunca foi fácil de aceitar.

Pois agora, já no apagar das luzes dos mandatos, a Câmara dos Deputados resolveu abrir uma brecha na lei. Na surdina, passou um texto que libera nomeações de dirigentes partidário­s e seus familiares para postos nas estatais.

Tentando não dar na vista, os parlamenta­res enfiaram a mudança em um projeto que tratava de outro assunto. É o que se chama, no Congresso, de contraband­o (ou jabuti).

Para piorar, nem houve votação no plenário. Aprovaram a malandrage­m numa comissão e mandaram direto para o Senado.

Felizmente, a manobra foi parar nos jornais, e agora vai ser mais difícil levar adiante a volta do cabide de emprego nas empresas. Mesmo que o Congresso aprove, ainda será necessária a sanção do presidente (o atual ou o futuro).

Mas é preciso prestar atenção sempre, porque os políticos não vão desistir facilmente. Grupo Folha

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