Campanha contra a dengue causa dúvida
A campanha publicitária institucional de combate ao mosquito transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela, recém-lançada pela Prefeitura de São Paulo, foi parar nas redes sociais. O slogan —Aedes aegypti. Juntos, a gente te pega— provocou dúvida. Afinal, quem pega quem?
“Não está claro quem está junto, o que provoca uma leitura enviesada, principalmente quando se trata de uma ação do poder público, e a tendência é sempre de provocar críticas ou dúvidas por parte das pessoas”, diz Kleber Carrilho, professor de redação publicitária do curso de Publicidade e Propaganda da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo).
Opinião compartilhada por Marcelo Pontes, professor de Comunicação e Marketing da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). “Juntos, quem? A gente te pega ou a gente pega dengue? O jogo de palavras provoca o duplo sentido, o que não é aconselhável em uma campanha institucional”, afirma. O profissional também critica a colocação do nome científico do mosquito. “O mais importante é ser direto.”
Para os professores de Língua Portuguesa Patrícia Sosa e Ítalo Curcio, respectivamente, da Umesp, e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, no lugar do ponto final do Aedes aegypti, o correto, gramaticalmente, seria o dois pontos.
Patricia acrescenta que, estruturalmente, a frase não está errada. O problema ficou mesmo no entendimento dúbio. “As pessoas não se percebem no processo e questionam onde estão”, afirma a professora.
A população também não perdoou. “O tiro saiu pela culatra”, diz a vendedora Tainá Campos, de 20 anos. “A prefeitura vai pegar o mosquito ou a gente?”, questiona.
A assistente de faturamento Viviane de Oliveira, 35 anos, também considera a mensagem ambígua.