Agora

Cassado, deputado saiu do país

- (FSP)

“Na fase inicial do AI-5, havia muito improviso na organizaçã­o do sistema repressivo. Era um trabalho por espasmos”, diz David Lerer, 81, à época deputado federal do MDB. O nome dele estava na primeira lista de cassações.

No dia 13 de dezembro, poucas horas antes da reunião da cúpula do governo, Lerer esteve na Câmara, em Brasília. Foi uma passagem rápida porque ele e os raros parlamenta­res que estavam na capital temiam que os militares invadissem o Congresso a qualquer momento.

Três dias depois, os jipes da Polícia Militar estacionar­am em frente à sua residência. Ele estava na carceragem em Brasília quando saiu a primeira lista de cassações, em 30 de dezembro de 1968. A relação divulgada trazia dez nomes de deputados federais, entre eles o de Lerer. Além dele, estão vivos Gastone Righi e José Lurtz Sabía, ambos do MDB paulista.

Liberado em 31 de dezembro, Lerer pegou um ônibus dias depois e retornou a São Paulo, onde viviam seus pais. Proibido de atuar na política, voltou a trabalhar como médico. Nos anos seguintes, morou no Uruguai, no Peru e na França.

Atuou como médico em zonas de conflito de Moçambique e Angola. Só retornou ao Brasil em 1978, depois de jornadas pela América do Sul, Europa e África. Havia deixado o Brasil uma década antes com medo de ser preso.

Hoje ele vive com a mulher, Katia, em São Sebastião, no litoral paulista.

 ?? Eduardo Knapp/folhapress ?? David Lerer, 81, foi um dos primeiros deputados cassados após o AI-5; ele só voltou ao país em 1978
Eduardo Knapp/folhapress David Lerer, 81, foi um dos primeiros deputados cassados após o AI-5; ele só voltou ao país em 1978

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