Médium nega as acusações e está à disposição, diz defesa
Advogado critica falta de identificação das vítimas e diz ser raro João de Deus fazer atendimento privado
Brasília O advogado de João de Deus, Alberto Toron, afirmou ontem que o médium recebeu com “indignação” a notícia de que é acusado de abuso sexual e está à disposição das autoridades.
Desde sábado, várias mulheres já relataram à imprensa terem sido abusadas sexualmente por João de Deus, durante atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, um hospital espiritual mantido por ele em Abadiânia (GO).
Segundo Toron, o médium nega e “repele” as acusações. Ele critica a falta de identificação das vítimas —em geral, mulheres que acusam o médium dizem preferir não ter o nome revelado por temer represálias.
“Tem acusações, e é importante dizer isso, cujas vozes e a cara das pessoas não foram exibidas. Então veja você: não se ouve a voz, nem vê o rosto. São coisas de mais de dez anos. Outras de quatro anos. É impossível sequer rememorar Alberto Toron, Idem advogado se ele conhece a pessoa e se a atendeu.”
Questionado sobre casos em que vítimas aceitaram mostrar o rosto, como o da coreógrafa holandesa Zahira Lieneke Mous, o advogado contesta. “Ele nem sequer fala inglês. O português dele, se você o conhece ou já teve a oportunidade de conversar, é muito limitado também.”
Desde sábado, no entanto, outras mulheres têm relatado casos à imprensa e ao Ministério Público. Além de Zahira, a empresária paulistana de origem libanesa Aline Saleh, 29, disse ontem à reportagem também ter sido vítima de abuso pelo médium durante visita à Casa em 2013.
Segundo ele, à defesa, o médium alegou que seus atendimentos individuais são raros. “Ele refuta isso [atendimentos individuais]. O atendimento dele é público, aberto. Ele recebeu uma ou outra pessoa privadamente ao longo desses 40 anos.”
Apesar das denúncias, o advogado diz que o médium planeja manter suas atividades. “Se entenderem que ele deve parar, por respeito à Justiça, assim ele o fará. Mas a princípio ele continua as atividades dele atendendo publicamente”, disse.
A defesa protocolou ontem uma petição ao Ministério Público em que afirma que João de Deus está à disposição das autoridades “no dia e na hora em que entenderem necessário”.