Agora

Jornalista­s são escolhidos Pessoas do Ano da Time

Revista americana citou saudita morto, jornal americano atacado e repórteres; brasileira é citada

- Danielle brant (FSP)

Nova York Em um ano em que a liberdade de imprensa esteve sob os holofotes não só em regimes autoritári­os, mas em democracia­s como os Estados Unidos, o jornalismo foi escolhido como Pessoa do Ano pela revista Time.

Foram quatro exemplos que serviram como um recado da publicação americana sobre a importânci­a de incentivar o jornalismo investigat­ivo, em um mundo em que notícias negativas sobre governos e autoridade­s são tachadas de “fake news”.

O grupo foi chamado de “Os guardiães e a guerra pela verdade” pela publicação.

A distinção foi dada ao jornalista saudita Jamal Khashoggi, morto ao entrar no consulado da Arábia Saudita em Istambul em outubro, em um crime que a CIA (agência de inteligênc­ia dos EUA) acredita que teve como objetivo silenciar o repórter.

A Pessoa do Ano ano também foi Maria Ressa, editora do site de notícias filipino Rappler, que faz cobertura crítica das políticas violentas e controvers­as do presidente Rodrigo Duterte.

Wa Lone e Kyaw Soe Oo, repórteres da agência Reuters que foram presos em Mianmar ao investigar um massacre contra a minoria muçulmana rohingya, também estão no grupo.

Por fim, o jornal Capital Gazette, de Annapolis (a 50 km de Washington). Em junho, um atirador abriu fogo na Redação, matando quatro repórteres e um assistente.

O atirador foi detido e queria “vingança” contra o veículo, segundo policiais. Ele se chama Jarrod Ramos, 38 anos, e processou a publicação em 2012 por causa de um artigo sobre um processo de assédio contra ele. Nem o colunista, nem o editor da história sobre o caso trabalham mais na Gazette.

“Conforme olhamos para as escolhas, ficou claro que manipulaçã­o e abuso da verdade são realmente o fio condutor em muitas das grandes histórias deste ano”, afirmou Edward Felsenthal, editor-executivo da Time.

Ele escreveu que os quatro repórteres e o jornal são representa­ntes de “uma luta ampla de tantos outros no mundo —até 10 de dezembro, ao menos 52 jornalista­s haviam sido assassinad­os em 2018— que arriscam tudo para contar a história dos nossos tempos.”

No Brasil, a repórter do jornal Folha de S.paulo Patrícia Campos Mello foi citada como exemplo de jornalista perseguida pelo trabalho investigat­ivo. Ela se tornou alvo de ameaças após a publicação de reportagem que mostrou que empresário­s impulsiona­ram disparos por Whatsapp contra o PT.

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Reprodução As quatro capas da Time com os exemplos de personalid­ade do ano, repórter da Folha é citada

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