Jornalistas são escolhidos Pessoas do Ano da Time
Revista americana citou saudita morto, jornal americano atacado e repórteres; brasileira é citada
Nova York Em um ano em que a liberdade de imprensa esteve sob os holofotes não só em regimes autoritários, mas em democracias como os Estados Unidos, o jornalismo foi escolhido como Pessoa do Ano pela revista Time.
Foram quatro exemplos que serviram como um recado da publicação americana sobre a importância de incentivar o jornalismo investigativo, em um mundo em que notícias negativas sobre governos e autoridades são tachadas de “fake news”.
O grupo foi chamado de “Os guardiães e a guerra pela verdade” pela publicação.
A distinção foi dada ao jornalista saudita Jamal Khashoggi, morto ao entrar no consulado da Arábia Saudita em Istambul em outubro, em um crime que a CIA (agência de inteligência dos EUA) acredita que teve como objetivo silenciar o repórter.
A Pessoa do Ano ano também foi Maria Ressa, editora do site de notícias filipino Rappler, que faz cobertura crítica das políticas violentas e controversas do presidente Rodrigo Duterte.
Wa Lone e Kyaw Soe Oo, repórteres da agência Reuters que foram presos em Mianmar ao investigar um massacre contra a minoria muçulmana rohingya, também estão no grupo.
Por fim, o jornal Capital Gazette, de Annapolis (a 50 km de Washington). Em junho, um atirador abriu fogo na Redação, matando quatro repórteres e um assistente.
O atirador foi detido e queria “vingança” contra o veículo, segundo policiais. Ele se chama Jarrod Ramos, 38 anos, e processou a publicação em 2012 por causa de um artigo sobre um processo de assédio contra ele. Nem o colunista, nem o editor da história sobre o caso trabalham mais na Gazette.
“Conforme olhamos para as escolhas, ficou claro que manipulação e abuso da verdade são realmente o fio condutor em muitas das grandes histórias deste ano”, afirmou Edward Felsenthal, editor-executivo da Time.
Ele escreveu que os quatro repórteres e o jornal são representantes de “uma luta ampla de tantos outros no mundo —até 10 de dezembro, ao menos 52 jornalistas haviam sido assassinados em 2018— que arriscam tudo para contar a história dos nossos tempos.”
No Brasil, a repórter do jornal Folha de S.paulo Patrícia Campos Mello foi citada como exemplo de jornalista perseguida pelo trabalho investigativo. Ela se tornou alvo de ameaças após a publicação de reportagem que mostrou que empresários impulsionaram disparos por Whatsapp contra o PT.