Operação apura mesada da JBS paga a Aécio Neves
Investigação sobre suposto pagamento ao senador apura compra de apoio político ao PSDB
Brasília A Polícia Federal cumpriu ontem mandados de busca e apreensão em endereços do senador Aécio Neves (PSDB-MG), da irmã dele, Andréa Neves, e do deputado federal Paulinho da Força (SP), presidente nacional do Solidariedade. A investigação mira suposto pagamento, pela JBS, de R$ 128 milhões em propinas ao tucano e seus aliados entre 2014 e 2017.
A PF sustenta que Aécio liderou uma organização criminosa cujo objetivo era financiar o seu próprio partido, o PSDB, e comprar o apoio de outros para sua campanha em 2014. A suspeita é de que ele tenha solicitado e obtido da empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista R$ 110 milhões e, com isso, negociado a adesão de 12 partidos à sua coligação, entre eles o PTB, o Solidariedade, o DEM e o PSL, sigla à qual o presidente eleito, Jair Bolsonaro, se filiou este ano.
No inquérito sobre o caso, os investigadores sustentam que os pagamentos foram feitos por meio de doações oficiais e de caixa dois. O esquema para fazer o dinheiro chegar às siglas teria envolvido empresas que simulavam a prestação de serviços.
Aécio teria ainda recebido da JBS uma “mesada” de R$ 54 mil mensais entre 2015 e 2017, supostamente paga por meio da Rádio Arco Íris, de Andréa. Também é mencionada na investigação a aquisição superfaturada de um imóvel do jornal Hoje em Dia, em Belo Horizonte, por R$ 17 milhões, a pedido do senador. No total, seriam mais R$ 18 milhões que se somariam aos R$ 110 milhões solicitados para captação de apoio político, totalizando R$ 128 milhões.
Em troca da propina, segundo as investigações, Aécio prometeu favorecimento no governo federal, caso fosse eleito, e interveio junto ao atual senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), então governador de Minas, para viabilizar a restituição de R$ 24 milhões em créditos de ICMS para a J&F, empresa que controla a JBS.
Os delatores contaram que, pelo esquema, R$ 20 milhões foram pagos ao PTB após tratativas com os deputados Cristiane Brasil (RJ) e Benito Gama (BA). Paulo Pereira da Silva teria negociado R$ 15 milhões para o Solidariedade. O senador Agripino Maia (RN) é apontado como o intermediário de R$ 2 milhões para o DEM.