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Operação apura mesada da JBS paga a Aécio Neves

Investigaç­ão sobre suposto pagamento ao senador apura compra de apoio político ao PSDB

- (Fábio Fabrini, Reynaldo Turollo Jr., Daniel Carvalho e Thais Bilenky, da FSP)

Brasília A Polícia Federal cumpriu ontem mandados de busca e apreensão em endereços do senador Aécio Neves (PSDB-MG), da irmã dele, Andréa Neves, e do deputado federal Paulinho da Força (SP), presidente nacional do Solidaried­ade. A investigaç­ão mira suposto pagamento, pela JBS, de R$ 128 milhões em propinas ao tucano e seus aliados entre 2014 e 2017.

A PF sustenta que Aécio liderou uma organizaçã­o criminosa cujo objetivo era financiar o seu próprio partido, o PSDB, e comprar o apoio de outros para sua campanha em 2014. A suspeita é de que ele tenha solicitado e obtido da empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista R$ 110 milhões e, com isso, negociado a adesão de 12 partidos à sua coligação, entre eles o PTB, o Solidaried­ade, o DEM e o PSL, sigla à qual o presidente eleito, Jair Bolsonaro, se filiou este ano.

No inquérito sobre o caso, os investigad­ores sustentam que os pagamentos foram feitos por meio de doações oficiais e de caixa dois. O esquema para fazer o dinheiro chegar às siglas teria envolvido empresas que simulavam a prestação de serviços.

Aécio teria ainda recebido da JBS uma “mesada” de R$ 54 mil mensais entre 2015 e 2017, supostamen­te paga por meio da Rádio Arco Íris, de Andréa. Também é mencionada na investigaç­ão a aquisição superfatur­ada de um imóvel do jornal Hoje em Dia, em Belo Horizonte, por R$ 17 milhões, a pedido do senador. No total, seriam mais R$ 18 milhões que se somariam aos R$ 110 milhões solicitado­s para captação de apoio político, totalizand­o R$ 128 milhões.

Em troca da propina, segundo as investigaç­ões, Aécio prometeu favorecime­nto no governo federal, caso fosse eleito, e interveio junto ao atual senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), então governador de Minas, para viabilizar a restituiçã­o de R$ 24 milhões em créditos de ICMS para a J&F, empresa que controla a JBS.

Os delatores contaram que, pelo esquema, R$ 20 milhões foram pagos ao PTB após tratativas com os deputados Cristiane Brasil (RJ) e Benito Gama (BA). Paulo Pereira da Silva teria negociado R$ 15 milhões para o Solidaried­ade. O senador Agripino Maia (RN) é apontado como o intermediá­rio de R$ 2 milhões para o DEM.

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Jefferson Rudy/agência Senado O senador Aécio Neves (PSDB), eleito deputado estadual por Minas em outubro; a irmã dele, Andréa Neves, e o deputado Paulinho da Força também foram alvo

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