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Morre 5ª vítima de ataque na catedral de Campinas

Aposentado de 84 anos foi baleado três vezes. Filha diz que ele é um herói, pois protegeu uma mulher

- (FSP) (FSP) (FSP) (FSP) (Thiago Amâncio, Guilherme Botacini e UOL)

Cristofer Gonçalves dos Santos, 38 anos, era de Porto União (SC). Solteiro, sem filhos, migrou para Campinas há mais de 15 anos, seguindo o primo Christian dos Santos, que se mudou antes em busca de trabalho.

Era garçom no restaurant­e de um clube tradiciona­l da cidade. “Uma pessoa muito simples, bonzinho”, disse Fernanda Ribeiro, casada com Christian. Segundo ela, Cristofer costumava ir à catedral para rezar.

Natural de Campinas, o eletricist­a Sidnei Vitor Monteiro, 39 anos, morava em Hortolândi­a, cidade vizinha, há 32 anos. Trabalhava no setor de manutenção de uma faculdade da Unicamp, onde era conhecido por animar os colegas. “Ajudava quem precisava, estava sempre animado”, disse o companheir­o de trabalho Renato Benetti.

Corintiano fanático, entrava nas brincadeir­as sobre futebol e fazia pirraça com colegas e familiares.

Elpídio Alves Coutinho, 67 anos, nasceu em Montes Claros (MG) e se mudou para São Paulo aos 16 anos. Trabalhou 37 anos como motorista de ônibus e, ao se aposentar, foi morar em Monte Mor, na região de Campinas. Casado com Zilda Alves Coutinho, deixa um filho e um enteado. Preparava-se para uma viagem à terra natal e foi a Campinas para comprar as passagens. Religioso, parou na catedral com a mulher, que ficou ferida.

José Eudes Gonzaga Ferreira, 68 anos, nasceu no Ceará, mas morava em Campinas havia mais de três décadas. Aposentado, trabalhou como vendedor por toda a vida. Tinha um ritual com a mulher, Maria de Fátima Frazão Ferreira, 68 anos: quando caía a aposentado­ria, iam ao banco e, depois, passavam na catedral para agradecer. Na terça, resolveram inverter a ordem e foram antes à igreja. Maria foi ferida na perna. Ele deixa dois filhos. Campinas Subiu para cinco o número de mortos no ataque anteontem na catedral de Campinas (93 km de SP). O aposentado Heleno Severo Alves, 84 anos, estava internado em estado grave e morreu ontem à tarde. Ele havia sido atingido por dois tiros no pulmão e um no fígado.

Anteontem, o atirador, Euler Fernando Grandolpho, 49 anos, entrou na igreja, sentou-se e, ao final da missa do meio-dia, passou a atirar e se matou. A motivação do crime ainda é desconheci­da.

Uma das filhas de Alves afirmou que vai se lembrar do pai como herói. “Meu pai morreu como herói. É a lição que ele nos deixa”, afirmou Ivonete Severo. Segundo ela, Alves era devoto de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Campinas e santa que dá nome à catedral.

Durante os disparos, Alves pediu para que Euler, que tinha a pistola apontada para uma mulher, não atirasse. “Ele [Euler] disse assim ‘se você não sentar, eu vou dar um tiro na sua cabeça’. Eu disse ‘moço, não me mata, tenho filhos para criar’. Tinha um senhorzinh­o [Alves] na frente. Na hora que o senhorzinh­o levantou, ele atirou e eu saí correndo”, disse Daniele Coutinho.

Segundo a família, anteontem Alves iria à catedral pela manhã, mas perdeu dois ônibus. “Minha mãe disse que era para ele não ir. Mas ele insistiu porque fazia duas semanas que não ia. Ele morava em Indaiatuba [a 27 km de distância]. E aconteceu isso tudo. Mas talvez ela tenha ido mesmo para salvar aquela moça”, disse Ivone.

Enterros

Sob comoção, quatro vítimas foram enterrados ontem. No cemitério dos Amarais, em Campinas, 13 pessoas acompanhar­am o enterro de Cristofer Gonçalves dos Santos, 38 anos. Sem condições financeira­s, a mãe e a irmã dele, que vivem em Santa Catarina, não foram.

No cemitério Parque das Flores foi enterrado o eletricist­a Sidnei Vitor Monteiro, 39 anos. Sua mãe, Jandira Prado Nogueira, 65 anos, foi ferida no ataque. Ela recebeu alta ontem e acompanhou o sepultamen­to do filho em uma ambulância. “Vai com Deus, meu filho”, afirmou.

O aposentado José Eudes Gonzaga Ferreira, 68 anos, foi enterrado no cemitério dos Amarais. A mulher, Maria de Fátima Frazão Ferreira, 68 anos, com quem ele estava na missa, acompanhou o cortejo de cadeira de rodas. Ela foi baleada na perna e teve alta anteontem. O enterro de Elpídio Alves Coutinho, 67 anos, ocorreu em Monte Mor.

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sobre o ataque na pág. A4

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Eduardo Anizelli/ Folhapress, Familiares e amigos no enterro do aposentado José Eudes Gonzaga Ferreira, 68 anos, no cemitério dos Amarais, em Campinas (93 km de SP); ele foi uma das vítimas morta por atirador após missa em catedral
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Reprodução O aposentado Heleno Severo Alves, 84 anos

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