João de Deus reaparece e Promotoria pede sua prisão
Pedido ocorre após série de queixas de mulheres contra médium. Ontem, ele negou as acusações
O Ministério Público de Goiás pediu a prisão preventiva do médium João Teixeira de Faria, 76 anos, o João de Deus, após a série de acusações de abuso sexual feitas por mulheres nos últimos dias. A informação foi antecipada pelo blog de Lauro Jardim, do jornal O Globo, e confirmada pela reportagem. Procurada, até a conclusão desta edição, a defesa de João de Deus não havia manifestado sobre o pedido de prisão do médium.
Segundo uma pessoa envolvida na investigação relatou, dois promotores foram ao Fórum de Abadiânia —onde fica a Casa Dom Inácio de Loyola, espécie de hospital espiritual criado por ele— no fim da tarde de ontem protocolar o pedido.
Uma força-tarefa liderada pela Promotoria de Goiás foi criada para recolher relatos de supostas vítimas do médium e, até anteontem, já havia feito mais de 200 atendimentos, a maioria deles por email. Promotorias de outros estados, como São Paulo, Maranhão e Rio de Janeiro, também montaram equipes e canais de comunicação específicos para o caso.
Em casa
João de Deus apareceu pela primeira vez ontem após terem vindo à tona, no final de semana, as primeiras denúncias de abuso sexual.
Ele chegou por volta das 9h30 à Casa Dom Inácio de Loyola. O médium foi levado para uma sala ampla onde fiéis o esperavam. Lá, sob aplausos, cumprimentou o público e disse que “queria cumprir a lei brasileira”.
“Agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus. Quero cumprir a lei brasileira. Estou nas mãos da lei. João de Deus ainda está vivo”, afirmou a fiéis. Na saída, que ocorreu menos de dez minutos após chegar ao local, disse a jornalistas que era inocente.
A visita do médium ao local foi marcada por grande alvoroço. Ao vê-lo, alguns fiéis começaram a bater palmas. Outros reclamavam da presença da imprensa. “Respeitem meu pai”, disse uma voluntária. Por volta das 6h50, a fila para entrar na “sala das correntes” já atravessava toda a área.
Voluntários, porém, apontam que o número de visitantes estava ao menos 50% a 70% menor. Pacientes também evitavam falar. “Vamos esperar uma orientação”, disse uma delas.