Agora

Prass reprova Bolsonaro na festa do título brasileiro

Goleiro afirma que teve dificuldad­es para erguer a taça, que ficou um bom tempo nas mãos do político

- Rafaela cardoso

Em seis anos no Palmeiras, Fernando Prass, 40, viveu a Série B, o retorno à elite e a conquista dos títulos da Copa do Brasil, em 2015, e dos Brasileiro­s de 2016 e 2018. Em campo, tornou-se ídolo da torcida e já foi capitão.

No dia 2 de dezembro, Prass recebeu o cumpriment­o do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), convidado na festa do título palmeirens­e, no gramado do Allianz Parque. O político foi saudado com entusiasmo por jogadores, como Felipe Melo, e pelo técnico da equipe, Luiz Felipe Scolari.

“Ali, é um momento dos jogadores”, disse o goleiro. “Não sou a favor de misturar política e futebol.”

Após a conquista, Prass renovou o seu contrato com o clube por uma temporada. “Quero jogar mais dois anos e me aposentar aqui”, afirmou o goleiro, titular em sete partidas em 2018.

Nesta entrevista com o

Agora, o arqueiro falou sobre sua forma física, sobre o que esperar do Palmeiras em 2019 e, claro, sobre a festa em que sofreu para pegar a taça.

O que achou de o Bolsonaro estar em campo com a taça? Prass Ali, é um momento dos jogadores. Essas festas para entrega de troféus são sempre muito complicada­s. Na Europa, é tudo limpinho. No Brasil, sempre aquela confusão. Tanto que, quando o pessoal saiu para dar a volta olímpica, eu mesmo não consegui pegar a taça em momento nenhum, pois era tanta gente em volta querendo pegar. Só fui tirar foto com a taça no fim, quando a colocaram de volta no palanque. É sempre muito complicado misturar três coisas: futebol, política e religião. Se quiserem misturar essas coisas, vai ter pano para manga, briga em família, discussão com amigos. São assuntos muito delicados. A festa, na realidade, é um evento da CBF. É no estádio do Palmeiras, mas quem entrega os crachás e autoriza quem sobe e quem não sobe é a CBF, não o clube. Com certeza, se o Palmeiras quisesse colocar o Joãozinho para entregar o troféu, a CBF não deixaria. Eu não sou a favor de misturar.

Você renovou seu contrato com o Palmeiras por um ano. Já pensa em parar? Prass Ainda não. No mínimo, vou jogar por mais dois anos e depois vou avaliar ano a ano. A minha ideia é me aposentar no Palmeiras, mas nunca se sabe o que pode acontecer. No ano passado, minha renovação foi meio arrastada, complicada. Então, futebol é muito das pessoas que estão comandando naquele momento. Eu vou aproveitar agora e deixo para me preocupar no fim do ano que vem.

Como você está fisicament­e? Prass Muito bem. Quando eu tinha 20, 21 anos, pesava 87,5 kg e tinha 12,5% de gordura. Hoje, tenho 94 kg e 9,8% de gordura, 7 kg a mais e uma diferença de 10 kg de massa muscular. Pelos testes que temos no clube, do ano passado para cá, ganhei 10% de potência. Então, estou conseguind­o não só manter mas aumentar a condição física. É claro que mudei algumas coisas na minha rotina de treinament­o: alimentaçã­o, suplementa­ção. Isso porque tenho vontade de jogar por mais tempo e sei que só a vontade não vai me fazer jogar. Eu tenho que me preparar. Hoje, eu sou muito mais atleta. Abro mão de muitas coisas para me manter em alto nível por mais tempo.

A torcida está exigente. Vencer o Brasileiro deixa um peso maior para 2019? Prass Vencemos o título mais importante dentro do futebol brasileiro. Pelo que se criou, vi gente falando que o Felipão deu sorte, que encaixou uma sequência de 23 jogos de invencibil­idade. Então, fala para alguém acertar 23 vezes na loteria [risos]. No ano que vem, temos que ganhar desde o Paulista até o Mundial. Se o Felipão conseguir implementa­r novamente o que fez, montando dois times para rodar nas competiçõe­s que a equipe disputar simultanea­mente, teremos condições de conquistar todos os títulos.

Acha possível ter rodízio também no gol? Prass Isso é com o treinador, não gosto muito de falar. Pela experiênci­a que o Felipão tem, ele saberá fazer da melhor forma possível. Além de o Felipão ter essa confiança de rodar o elenco, a resposta dos jogadores a essa situação também foi fundamenta­l. Se ele roda o elenco e o time perde, ele não consegue manter.

O Felipão foi o diferencia­l na conquista do Brasileiro? Prass Ele montou dois times e fez algo que ninguém conseguiu aqui no Brasil. O Roger, o Mano Menezes, o Barbieri, quando estava no Flamengo, o Dorival Júnior, o Renato [Gaúcho] tentaram, mas não conseguira­m. Temos que dar méritos ao Felipão por isso.

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Nelson Antoine/folhapress O goleiro Fernando Prass posa com sua gata Dina após a entrevista
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