Sirenes intactas contrariam a versão inicial de mineradora
Brumadinho (MG) Ao menos duas sirenes que ficam próximas a áreas devastadas pela lama em Brumadinho (MG) estão intactas, o que contraria o discurso inicial da Vale de que elas não tocaram no momento da ruptura da barragem porque foram destruídas pelos rejeitos.
As duas sirenes estão num bairro rural onde já foram achados no mínimo dez corpos —possivelmente vindos da sede da mineradora—, o Parque da Cachoeira.
Elas inclusive soaram dois dias após a tragédia, na madrugada de 27 de janeiro, quando a empresa suspeitou que outra represa, desta vez de água, poderia ruir.
“Quando era para funcionar, ela não funcionou. Só foi ligar no domingo [dia 27]. Era um som contínuo, longo, e depois uma gravação dizendo para se abrigar”, diz um morador que consegue ver um dos aparelhos de seu quintal. Ele perdeu parte de sua plantação de mandioca.
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, chegou a dizer no último dia 31 que os alarmes foram “engolfados” na tragédia. “Houve um rompimento muito rápido, e o problema é que a sirene que ia tocar foi engolfada pela queda da barragem antes que ela pudesse tocar”, ele afirmou à imprensa.
Dois dias depois, porém, a versão oficial da mineradora mudou. A justificativa para os equipamentos não terem sido acionados passou a ser apenas a velocidade da ruptura, conforme uma nota divulgada, sem explicação de como o sistema funcionava.
Ao ser questionada ontem sobre a falha, a Vale se limitou a dizer que “ainda está apurando as causas que impediram o apropriado acionamento do sistema”. Também não respondeu se havia um plano B.