Maia deve assumir a articulação da reforma
Deputados reclamam de dúvidas sobre a proposta da reforma da Previdência e de falta de articulação
Indefinições sobre a reforma da Previdência incomodam partidos alinhados à pauta na Câmara, e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se movimenta para preencher vácuo de articulação. Parlamentares reclamam de dúvidas sobre a proposta, inclusive sobre a presença de militares nas medidas, e da falta de articulação do governo.
Líder do governo na Câmara, o deputado Major Vitor Hugo (GO) não tem o apoio de uma ala da Casa Civil —que também fará as negociações com parlamentares— nem de parte da bancada do próprio partido, o PSL.
Partidos como DEM, PRB, PR, PP e PSD contestam não só a atuação dele, mas também a falta de articulação com ministros.
Entusiasta do ajuste fiscal, Maia deverá ser o grande fiador das mudanças nas regras de aposentadoria e pensões, segundo aliados na Câmara. Ontem, ele se reuniu com a equipe econômica e carimbou seu nome na articulação da reforma ao dizer que, “quando [a proposta] chegar na Câmara, a responsabilidade será minha”.
Na Casa, porém, desencontros já incomodam líderes de partidos com os quais o governo conta para aprovar a reforma. Um dos problemas é que o Planalto estaria querendo patrocinar projetos demais neste início de legislatura. Outro ponto polêmico é qual o momento em que os militares irão entrar na reforma. O governo ainda negocia isso com ministros escalados pelas Forças Armadas para tratar do assunto.
Parlamentares querem que o projeto de lei para aumentar de 30 anos para 35 anos o tempo de serviço mínimo para as Forças Armadas seja enviado junto com a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que altera as normas para trabalhadores da iniciativa privada e do funcionalismo público.
Diante das insatisfações, lideranças de siglas que podem compor a base do Palácio do Planalto já descartam a possibilidade de a reforma ser votada na Câmara até maio, conforme previsão otimista de Maia. Ele estima que a votação no Senado ocorra entre junho e julho.
A apresentação da reforma da Previdência ao Congresso deve acontecer só após a saída do presidente Jair Bolsonaro do hospital, segundo o governo.