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Vexame laranja

- Presidente: Editor Responsáve­l:

Estão ficando mais graves as evidências de que o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, usou candidatas de fachada para desviar dinheiro público de campanha no ano passado.

Em 4 de fevereiro, a Folha de S.paulo revelou que o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, patrocinou o repasse de R$ 279 mil a quatro mulheres que “concorriam”, entre aspas, a cadeiras na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativ­a de Minas Gerais.

Juntas, elas tiveram pouco mais de 2.000 votos, num sinal de que se empenharam muito pouco ou nada na disputa. Da grana recebida, pelo menos R$ 85 mil foram parar em empresas ligadas de alguma maneira a Álvaro Antônio ou a seus assessores.

No domingo, o jornal noticiou que uma única candidata em Pernambuco levou R$ 400 mil do PSL, mas só conseguiu 274 votos. Também pudera: o dinheiro chegou a apenas quatro dias da eleição.

Pela prestação oficial de contas, a verba pagou material de campanha em uma gráfica. Só que no endereço fornecido pela empresa não funciona nada do tipo.

O vexame, desta vez, chega ao comando do PSL e ao Palácio do Planalto. O cacique do partido, Luciano Bivar, é de Pernambuco, mas diz que quem decidiu dar a grana foi a direção nacional —que na época estava com o hoje ministro da Secretaria-geral da Presidênci­a, Gustavo Bebianno. O ministro negou.

Bolsonaro e a sigla só se juntaram em janeiro do ano passado. Com a associação, os dois superaram a condição de nanicos da política. Mas casos como o do esquema das candidatas laranjas mostram que lambanças do passado vão assombrar o governo. Grupo Folha

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