Agora

Mortes sob suspeita

- Presidente: Editor Responsáve­l:

Na manhã de sexta-feira, policiais do Rio de Janeiro, ligados ao Comando de Operações Especiais, ao Batalhão de Choque e ao Bope, fizeram uma operação ainda mal explicada em favelas do bairro de Santa Teresa, no centro da cidade.

A informação era a de que traficante­s de drogas estavam numa casa no morro do Fallet, de onde se preparavam para fugir. Então, os agentes teriam sido recebidos à bala ao abordar o grupo. Em seguida ocorreu um tiroteio, que deixou um saldo de 13 suspeitos mortos.

Moradores da comunidade e parentes das vítimas afirmaram, porém, já no dia dos acontecime­ntos, que o confronto descrito pela PM não existiu. Os policiais, na verdade, teriam assassinad­o pessoas que já haviam se rendido.

Houve relatos de que a polícia impediu o acesso ao local e retirou os corpos às pressas, para levá-los a um hospital —numa possível tentativa de evitar o trabalho da perícia.

Em nota, a PM disse que os corpos foram encontrado­s em vias da comunidade. Essa versão não parece bater com o que se pode observar em fotografia­s da casa, que mostram paredes atingidas por projéteis, sangue e corpos no chão.

O caso está sob investigaç­ão da Polícia Civil e do Ministério Público. Policiais envolvidos na ação foram ouvidos e tiveram suas armas recolhidas.

Por mais que os suspeitos tivessem ligação com o tráfico, é preciso apurar para saber se não houve mesmo abuso dos agentes.

A população tem toda a razão de se preocupar com o o avanço da criminalid­ade, mas a polícia tem de enfrentar a bandidagem de uma forma que não provoque ainda mais violência. Grupo Folha

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