Agora

Supremo começa a discutir criminaliz­ação da homofobia

Objetivo de ativistas é o reconhecim­ento da discrimina­ção como crime contra pessoas que são LGBT

- (FSP)

Brasília Sob pressão de parlamenta­res, o STF (Supremo Tribunal Federal) começou a julgar ontem dois processos que discutem se o Congresso Nacional tem sido omisso ao deixar de legislar sobre a criminaliz­ação da homofobia e da transfobia.

O julgamento será retomado na sessão de hoje para os votos dos relatores, os ministros Celso de Mello e Edson Fachin. Na primeira parte do julgamento, foram ouvidos os autores dos processos, a PGR (Procurador­ia-geral da República), a AGU (Advocacia-geral da União), o Senado e os grupos favoráveis e contrários à criminaliz­ação da homofobia.

Na noite de anteontem, 22 parlamenta­res da bancada evangélica tiveram audiência com o presidente do STF, Dias Toffoli, em seu gabinete.

Ao abrir a sessão ontem, Toffoli enfatizou que os processos já estavam na pauta do plenário desde dezembro. A observação soou como um esclarecim­ento de que o tema não foi pautado de última hora com objetivo de afrontar o Legislativ­o.

Reconhecim­ento do crime

A manutenção do julgamento na pauta foi vista na corte como demonstraç­ão da independên­cia entre os Poderes. Um eventual pedido de vista de algum dos magistrado­s, porém, pode levar ao adiamento do debate.

Os dois processos foram iniciados em 2012 e 2013 pelo partido PPS e pela ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuai­s). O objetivo deles é que o Supremo reconheça a obrigatori­edade constituci­onal de tornar crime a discrimina­ção contra pessoas da comunidade LGBT.

Se forem reconhecid­as a lacuna legislativ­a e a suposta omissão do Congresso, os processos pedem para o STF fixar um prazo para o Congresso legislar e para criar um entendimen­to temporário de que a homofobia é similar ao crime de racismo.

Segundo o advogado Paulo Iotti, o Congresso tem discutido a homofobia e a transfobia desde 2001, sem ter legislado.

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Rosinei Coutinho/sco/stf ■ Ministros do STF Luís Roberto Barroso (à esq.) e Alexandre de Moraes em sessão que discutiu, ontem, se há omissão legislativ­a à criminaliz­ação de homofobia

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