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Pioneiro da Lei do Acesso, 70

- Luís Marcelo Castro Luís Marcelo Castro é editor do Vencer

Para a maioria dos torcedores, não há emoção maior do que ver seu time levantar uma taça, feito não raramente comparado ao nascimento de um filho ou a ganhar na loteria. Outros, porém, sofredores mais acostumado­s às divisões inferiores do futebol, o êxtase pode vir do mero acesso, que abre um mundo novo para seu clube no ano seguinte e a esperança de um futuro menos tortuoso.

Há 70 anos, o XV de Piracicaba atropelava o Linense por 5 a 1 no antigo Palestra Itália, na capital, com gols de Gatão, Rabeca e De Maria, faturava o bi da segunda divisão e inaugurava, naquele Paulista de 1948 —encerrado em 1949—, a era de “sobe e desce” no Brasil.

O feito, imortaliza­do no hino quinzista como o “pioneiro da Lei do Acesso”, abriu as portas para que o alvinegro piracicaba­no integrasse o torneio dos 11 fundadores da Federação Paulista —oito da capital e três da Baixada— e inspirasse os demais clubes do interior.

Ali, o matuto interioran­o, na charge de Nino Borges em A Gazeta Esportiva, foi apresentad­o pela primeira vez como Nhô Quim, pelo Periquito palmeirens­e, às mascotes dos demais clubes da elite e ganhou a simpatia nacional. Foi o caipira com a camisa zebrada armando armadilhas para os rivais, na pena de Edson Rontani, que influencio­u uma geração de garotos a adotar o XV em vez de algum clube grande.

A partir dali, Guarani, Ponte Preta, Radium, XV de Jaú, Linense e outros ganharam terreno, enquanto os fundadores Jabaquara, Comercial-sp, Portuguesa Santista, Nacional foram ao andar de baixo em um vai-e-vém que dura até hoje.

É esse acesso criado por Roberto Gomes Pedrosa o que buscam hoje o próprio XV, clubes nascidos na elite, ex-campeões e novatos, e que faz qualquer campeonato ser muito mais rico do que a simples briga pelo troféu.

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