Direto do túnel do tempo
Livro “Laços”, com a Turma da Mônica, é um retorno ao clima dos quadrinhos dos anos 1980
Ofilme “Turma da Mônica - Laços”, que bateu no início do mês a marca de 2 milhões de espectadores, é um convite para conhecer melhor a história em quadrinhos dos irmãos Lu e Vitor Cafaggi que deu origem à produção. Ao mesmo tempo em que “Laços” (R$ 41,90, 82 páginas, Panini) inova ao ser uma graphic novel (um romance gráfico), ela retoma os elementos simples que fizeram da turminha de Mauricio de Sousa um sucesso até hoje.
Enquanto Vitor retrata Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão por volta dos 7 anos de idade, Lu fica responsável pelos rabiscos que dão forma às lembranças da turminha. Como quando Cebolinha ganhou Floquinho, seu melhor amigo.
Com traços finos, fundo esfumaçado e cores em tom pastel, o livro começa por aí: apresentando o início da relação dos dois (que, na vida real, começou em 1963, quando Mauricio criou Floquinho). Depois, salta no tempo e nos apresenta o Cebolinha que já conhecemos. Arteiro e louco para tirar um sarro com a amiga Mônica.
Os amigos têm de deixar as brincadeiras e as coelhadas de lado para se unir quando Floquinho foge de casa . “O filme trabalhou em outros lugares o peso emocional que a gente quis que trouxessem para os quadrinhos. O que o Floquinho significa para o Cebolinha, por exemplo, isso está inteirinho no olhar do Kevin Vechiatto [ator]”, avalia Lu. A desenhista não tem dúvidas ao citar sua personagem favorita, que, de fato, rouba a cena com boas sacadas. “É a Magali e foi quem eu mais gostei de trabalhar em ‘Laços’ também. A Laura Rauseo [atriz] faz
uma Magali encantadora”, avalia Lu. “Adoro o equilíbrio que ela encontrou junto com a equipe, porque a Magali não é uma personagem fácil. Ela é doce e enxerga a vida com olhos doces também. E, ao mesmo tempo, tem as tiradas mais inteligentes. A Laura trouxe um senso de humor muito fino para ela. Ela é, em si mesma, um ponto de equilíbrio, e faz o mesmo para a dinâmica da turma também.”
Vitor destaca as diversas referências que o filme faz, mantendo um clima gostoso dos anos 1980. “’Laços’ com certeza é a graphic novel brasileira mais vendida de todos os tempos e, com o filme, o interesse por ela aumenta, como com o público adulto”, avalia ele.
Muitas cenas e diálogos da HQ foram reproduzidos, como o momento em que os quatro personagens estão no quarto do Cebolinha rascunhando um plano para procurar o Floquinho ou quando eles caem na floresta e apenas Mônica, Magali e Cascão perdem os sapatos: uma brincadeira com os quadrinhos de Mauricio de Sousa, que desenha sapatos apenas para o Cebolinha.
“Gosto muito da hora em que Mônica está pegando a roupinha para ir para o parque e pega a roupa de ratinho rosa. Ela estranha e devolve. Ela se fantasia assim no filme as ‘Aventuras da Turma da Mônica’. E acho muito legal o jeito que eles conseguiram pegar o tom instrumental da Mônica no filme. Se tivesse que escolher uma referência, seria essa”, diz Vitor, referindo-se ao primeiro filme, de 1982, “As Aventuras da Turma da Mônica”.