Agora

Só o tempo dirá

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Rodar pelas marginais Tietê e Pinheiros é lembrar da falta de capacidade dos últimos governos de São Paulo em pôr fim a um esgoto a céu aberto e devolver à capital rios que um dia já foram limpos e navegáveis.

O vexame se arrasta há décadas. Desde a gestão Fleury Filho (MDB), entre 1991 e 1994, os paulistas estão cansados de ouvir promessas de que seria possível nadar ou até mesmo beber daquelas

águas. Os tucanos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra também fizeram as suas tentativas —todas em vão.

Em 2011, por exemplo, depois de dez anos e R$ 249 milhões (em valores atuais) gastos, chegou-se à conclusão de que o tal método de flotação —quando junta-se a sujeira em flocos, na superfície, para depois removê-la— não funcionava. Cerca de R$ 3 bilhões já foram torrados com projetos desse tipo.

Agora, o também tucano João Doria prevê, até 2022, reduzir à metade a poluição do Pinheiros. Lá se vai outra bolada: R$ 1,5 bilhão. A Sabesp contratará empresas que serão responsáve­is por áreas específica­s. Elas deverão conectar o esgoto a estações de tratamento.

Segundo a Sabesp, 500 mil imóveis lançam dejetos sem tratamento em córregos da bacia do Pinheiros. Espanta que, na cidade mais rica do país, 30% do esgoto não seja tratado.

A ideia de pagar as empresas contratada­s pelo desempenho na despoluiçã­o, e não pelas obras construída­s, parece correta. Outra proposta é usar pequenas estações de tratamento para os dejetos de regiões de ocupação irregular, que muitas vezes vão parar nos córregos.

Depois de tantas frustraçõe­s, não há como não desconfiar de mais essa promessa. Melhor aguardar até 2022.

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