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Novo favorito à PGR critica Lava Jato e nega relação com Flávio

Antônio Carlos Soares diz ser alvo de campanha mentirosa de colegas por ser nome independen­te

- REYNALDO TUROLLO JR.

BRASÍLIA O subprocura­dor-geral Antônio Carlos Simões Martins Soares, citado pelo entorno do presidente Jair Bolsonaro (PSL) como favorito para ser indicado à Procurador­ia-geral da República, nega ter ligação com o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), afirma ter apoio dos militares e de dois ministros do Supremo Tribunal Federal e critica a atuação da Lava Jato em Curitiba.

“Eu sou um homem ético, sempre fui muito combativo, porém nunca usei métodos ilícitos, como é comum. Agora vocês estão descobrind­o que lá em Curitiba foram utilizados recursos que não podem ser considerad­os como lícitos. Isso eu não faço. Esse é um ponto que me difere do que está por aí”, disse Soares nesta segunda-feira (19).

O principal nome da operação em Curitiba é o do exjuiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça do governo Bolsonaro.

Diferentem­ente do que tem sido noticiado, Soares afirmou que sua candidatur­a à PGR, por fora da lista tríplice, não foi patrocinad­a por Flávio, filho do presidente, nem pelo advogado dele, Frederick Wassef, mas pelos militares, com quem ele tem mantido contatos desde a campanha eleitoral do ano passado.

“Eu nunca conheci esse advogado [Wassef ], e o Flávio Bolsonaro eu só vim a conhecer há coisa de 20 dias. Eu entrei nesse processo via núcleo militar”, afirmou.

“Eu fiz Escola Superior de Guerra em 2005. Lá conheci muitos militares, inclusive eu tenho alguns ministros do STM [Superior Tribunal Militar] que são meus amigos. Um deles é o Olympio Pereira [da Silva] Junior, que foi quem me iniciou nesse convite para que eu pudesse contribuir para melhorar o Brasil através do governo Bolsonaro”, disse Soares.

Soares relatou também que teve duas reuniões com o hoje vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), e outros generais durante a campanha eleitoral de 2018.

As informaçõe­s dadas por pessoas dos meios político e jurídico de que Soares tem o apoio de Flávio Bolsonaro, em sua avaliação, têm o objetivo de desgastá-lo e minar sua possível indicação à PGR.

“Eles querem atribuir essa nomeação a uma espécie de tentativa de blindar o Flávio futurament­e contra qualquer medida judicial. Esse é o objetivo, dizer que minha nomeação tem por inspiração um sentimento de amizade. Isso nunca existiu”, afirmou.

Soares disse que sua campanha começou há meses e, desde então, vem angariando apoios no STF e no STJ (Superior Tribunal de Justiça), sobretudo entre ministros naturais do Rio de Janeiro, como ele.

Desde que seu nome cresceu na bolsa de apostas, Soares tem sido personagem de reportagen­s que informaram, por exemplo, que ele já foi denunciado à Justiça sob acusação de falsificaç­ão de documento.

“Nunca fui réu, nunca fui processado”, rebateu o subprocura­dor. Segundo ele, a denúncia, que chegou a ser recebida pelo TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), em 1996, foi logo em seguida trancada pelo Supremo porque àquela altura ele tinha prerrogati­va de foro perante o STJ.

O mandato da atual PGR, Raquel Dodge, termina em 17 de setembro. (Folha)

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Divulgação/mpf O subprocura­dor-geral Antônio Carlos Simões Martins Soares, citado como novo favorito à PGR

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