Longe da elite, Série A tem dos técnicos há 1 ano no cargo
Nove equipes já trocaram de treinadores durante a atual edição do Campeonato Brasileiro
O Campeonato Brasileiro parou no dia 13 de junho, para a disputa da Copa América, com um recorde: apenas duas mudanças de treinador em nove rodadas.
Um mês depois de a seleção de Tite comemorar o título continental, já houve mais sete trocas. No dia 5 de agosto, Luiz Felipe Scolari fez aniversário no comando do Palmeiras. Naquele dia, a Série A contava com o recorde de seis treinadores no mesmo clube há mais de 12 meses: Mano Menezes, Renato Gaúcho, Rogério Ceni, Tiago Nunes, Odair Hellmann e Luiz Felipe. Agora, são quatro. Mano pediu demissão na quarta-feira (7), depois de perder para o Inter pela Copa do Brasil. Rogério Ceni deixou o Fortaleza para assumir seu lugar. Não se trata apenas de clubes sem planejamento, porque também há treinadores que optam por trocar de emprego.
Independentemente da culpa, há uma epidemia. Romildo Bolzan é presidente do Grêmio, time que mantém um técnico há mais tempo no futebol brasileiro: “A manutenção só nos trouxe benefícios. Mas tem a ver com a escolha. Renato tem identidade com o clube e isso traz entendimento da torcida”, explicou.
Entre os técnicos, a queixa é de que não há tempo para implementar estilo de jogo e de treinos. Em nenhum dos países com as maiores ligas, o ritmo de mudança é tão comum como no Brasil.
“Entendemos que era o momento e não poderíamos estender mais essa fase”, afirmou Mano Menezes. Brasil Palmeiras Inter Grêmio Espanha A. Bilbao A. Madrid Barcelona Eibar Espanyol Getafe Granada Leganés Levante Mallorca Osasuna Betis R. Sociedad Valencia Valladolid Inglaterra Arsenal Aston Villa Bournemouth Burnley Manchester City Liverpool Norwich Sheffield United Tottenham Watford West Ham Wolverhampton Everton
O prognóstico comum dos dirigentes é de que chega uma hora em que mudar é a melhor solução.
“[Trocar o técnico] é uma das coisas que atrasa, sim. O clube acha que ao fazer as coisas de qualquer jeito vão Alemanha B. Dortmund W. Bremen F. Dusseldorf E. Frankfurt Freiburg Union Berlin Paderborn Itália Atalanta Brescia Cagliari Lazio Lecce Napoli Parma Sassuolo Spal Torino ganhar”, disse Fernando Diniz, demitido do Flu.
No cargo há 21 meses, Odair Hellmann, do Internacional, é o treinador há mais tempo no comando do clube desde Rubens Minelli, em 1977. “Hoje é mais fácil perder um jogador e substituí-lo, porque a equipe conhece muito melhor a maneira de jogar”, falou.
Na era dos pontos corridos com 20 clubes na elite, só no início de 2009 e no final de 2013 a Série A teve mais técnicos mantidos por um ano do que agora.
Dos 18 Brasileiros de pontos corridos, só quatro vezes o campeão trocou de técnico: Santos (2004), Corinthians (2005), Flamengo (2009) e Palmeiras (2018).
O contraste com as ligas europeias chama atenção. Na Inglaterra, 13 dos 20 clubes não mudaram de treinador na última temporada. Na Espanha, houve 11 mudanças em 38 rodadas. Doze clubes não trocaram.
Na Argentina, 11 de 26 clubes mantiveram seu comando do início ao fim.
No Brasileiro de 2018, houve 29 mudanças em 38 rodadas. Dos 20 times, 17 trocaram. Só Grêmio, Inter e Cruzeiro mantiveram.
“O que os clubes brasileiros fazem está muito errado. Se você está interessado em evolução no futebol, precisa saber que isso leva tempo”, afirmou Jurgen Klopp, técnico do Liverpool, que levou quatro anos para ser campeão no clube. (Folha)