Atletas vendem carro para pagar dívidas e jovens temem despejo
O jogo entre Figueirense e Cuiabá, na última terça (20), pela Série B, foi primeira partida na história das duas principais divisões do Brasileiro que não aconteceu porque um clube não pagou salário aos jogadores. Os atletas da equipe catarinense se negaram a atuar e o anfitrião venceu por WO.
“Não foi fácil tomar a decisão. A situação é muito difícil. As pessoas julgam, apontam dedo, incitam violência em redes sociais”, disse o volante Zé Antonio, representante dos jogadores.
Em nota, a diretoria disse que a decisão de não jogar “é exclusiva dos jogadores”.
O estopim para o protesto na equipe de Florianópolis foi a ausência de quitação de dois meses de direito de imagem e um salário registrado em carteira. Mas há outras queixas.
“Não começou de uma hora para a outra. São reiterados atrasos. O clube deixa passar três meses e paga um salário. Depois espera quatro meses e paga dois. Chega a hora em que o atleta fica com a faca no pescoço”, afirma o advogado do grupo, Filipe Rino.
Pessoas próximas aos jogadores disseram que alguns deles venderam carros para pagar contas. Há casos de atrasos de pensão alimentícia, e garotos das categorias de base estão ameaçados de despejo por não receberem a ajuda de custo. Nesta quarta (21), a categoria sub-20 também entrou em greve.
O Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina afirma investigar a equipe por casos de atrasos desde 2015. A causa hoje está em R$ 200 mil.
Ao desembarcar em Florianópolis nesta quarta, o elenco foi aplaudido por cerca de 50 integrantes da torcida organizada do time.
Crise
O Figueirense, que estava na Série A até 2016, acumula problemas com atrasos. Após uma empresa de ônibus contratada pelo clube deixar de prestar serviços por falta de pagamento, funcionários tiveram de chamar carros de aplicativos para levar os atletas aos treinos.
“Após o jogo contra o CSA, que perdemos em casa [em setembro de 2018], a diretoria armou para dois torcedores me ameaçarem e xingarem, para me forçar a pedir para ir embora e eles não terem que pagar minha multa [rescisória]”, disse Milton Cruz, um dos treinadores que ainda não receberam do Figueirense.
O atual gestão do clube disse desconhecer o fato citado pelo ex-técnico.
Greve
Os atletas do clube catarinense iniciaram uma greve por atrasos de salários, direitos de imagem e não recolhimento de tributos por parte do Figueirense, que é uma sociedade anônima desde 2018 —atualmente controlado pelo grupo Elephant. O time de Florianópolis é uma raridade no futebol brasileiro.
Há um movimento na Câmara de Deputados para a aprovação de um projeto de lei que incentive a transformação de clubes em empresa. Figueirense e Botafogo de Ribeirão Preto são os únicos nas duas principais divisões do Nacional que viraram empresa. (Folha) ELKESON O atacante do Guangzhou Evergrande renunciou à nacionalidade brasileira e oficializou nesta quartafeira (21) a sua naturalização para atuar pela China. Com isso, o atleta passa a ter um novo nome, de origem chinesa: Ai Kesen. Inclusive, ele já foi convocado pelo treinador da seleção chinesa, Marcelo Lippi, para a lista dos 35 nomes que enfrentam Maldivas e Guam, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2022. “Abri mão da minha nacionalidade para tentar retribuir todo o carinho que recebo aqui desde a minha chegada”, disse o jogador em sua rede social. “Me sentia à vontade na China, como se tivesse nascido no país. Chegou até mim uma possibilidade desafiadora: a naturalização para que eu ajude a seleção chinesa a disputar mais uma Copa do Mundo”, completou o atacante. Elkeson é o maior artilheiro da história do Campeonato Chinês, com 102 gols anotados. (UOL)
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