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Ligações perigosas

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Agestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que comandou o estado até o ano passado, gastou cerca de R$ 3 milhões em um viaduto que serve apenas para ligar uma estrada a uma fazenda particular. Ou seja, a obra não tem nenhuma utilidade pública.

E, veja só, a tal fazenda pertence a um grupo empresaria­l que é dono justamente de uma das empreiteir­as responsáve­is pela construção da rodovia sobre a

qual passa o elevado.

A história suspeita aconteceu em Caraguatat­uba, no litoral norte. Para técnicos da Dersa (empresa de obras viárias do estado), os donos da empreiteir­a Serveng ganharam um viaduto de R$ 3 milhões para benefício próprio.

A reportagem da descobriu ainda que o grupo recebeu pelo menos R$ 60 milhões dos cofres públicos por desapropri­ação de terras antes da abertura da estrada. Nos processos de desapropri­ação não há nenhuma referência à construção da obra como uma possível compensaçã­o pelos lotes.

O viaduto foi erguido em uma rodovia de 33,9 km que vai conectar Caraguá ao porto de São Sebastião. As obras, porém, estão paradas desde julho do ano passado. O governo diz que as empreiteir­as a abandonara­m, e as empresas falam que o estado não respeitou os contratos.

No meio dessa confusão, Laurence Casagrande, ex-secretário de Logística e Transporte­s, disse que “não se lembra” desse viaduto, mas ressaltou que não houve nenhuma irregulari­dade.

O ex-secretário pode até não se lembrar, mas os paulistas não esquecem de obras que estão atrasadas ou emperraram. As estações de metrô e o Rodoanel —essas sim de grande utilidade para a população— são apenas dois exemplos.

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