Bolsonaro prioriza críticas a reservas indígenas em reunião
Queimadas ficaram em segundo plano no encontro com governadores da região amazônica
BRASÍLIA O presidente Jair Bolsonaro (PSL) deixou em segundo plano a série de queimadas pelo país e priorizou críticas a terras indígenas em reunião nesta terça-feira (27) com os governadores da Amazônia Legal.
No encontro, promovido no Palácio do Planalto, Bolsonaro fez questão de questionar cada autoridade estadual sobre o percentual de áreas indígenas em seus estados e chamou de “irresponsabilidade” a política de demarcação adotada por governos anteriores.
“A Amazônia foi usada politicamente desde o [presidente Fernando] Collor para cá”, disse. “Aos que me antecederam, foi uma irresponsabilidade essa política adotada no passado, usando o índio ao inviabilizar esses estados”, ressaltou.
A expectativa inicial era de que o encontro discutisse políticas para evitar novos incêndios criminosos. Na chegada ao encontro, os governadores do Amazonas, Pará e Roraima defenderam, por exemplo, que o governo brasileiro aceitasse o montante de US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões) oferecido pelos países do G7.
O auxílio ofertado pelas economias mais industrializadas do mundo foi anunciado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que tem trocado críticas com Bolsonaro sobre a onda de incêndios na Amazônia.
O Palácio do Planalto chegou a informar jornalistas que a verba seria recusada, mas na manhã desta terçafeira (27) Bolsonaro disse que pode aceitar o montante caso Macron peça desculpas por ter chamado o brasileiro de “mentiroso”.
Mais tarde, questionado sobre se a Presidência mantinha a exigência a Macron, o porta-voz Otávio Rêgo Barros não confirmou. O general disse apenas que o Brasil só aceitará recursos desde que possa gerenciá-los como achar mais conveniente.
Em seu discurso, o presidente afirmou que muitas terras indígenas têm “aspecto estratégico”, que há índios que não falam português e ressaltou que uma das intenções das demarcações é inviabilizar o país no campo econômico.
O presidente anunciou que até a quinta-feira da próxima semana fechará um pacote de medidas, com sugestões dos governadores presentes, para a região, mas não detalhou.
“O que o Macron acabou de dizer, de que a internacionalização da Amazônia está aberta, não deixa de ser uma realidade na cabeça dele. Temos que nos unir para preservar o que é nosso e garantir a nossa soberania”, disse.
Participaram da reunião os governadores do Maranhão (Flávio Dino), Pará (Helder Barbalho), Mato Grosso (Mauro Mendes), Amazonas (Wilson Lima), Rondônia (Marcos Rocha), Tocantins (Mauro Carlesse), Amapá (Waldez Góes) e Roraima (Antonio Denarium), além do vice-governador do Acre, Wherles Rocha.
Flávio Dino pontuou que o país não pode se isolar na arena internacional. “Se o Brasil se isola, ele se expõe a sanções comerciais gravíssimas contra os nossos produtores”. (Folha)