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Bolsonaro prioriza críticas a reservas indígenas em reunião

Queimadas ficaram em segundo plano no encontro com governador­es da região amazônica

- GUSTAVO URIBE RICARDO DELLA COLETTA

BRASÍLIA O presidente Jair Bolsonaro (PSL) deixou em segundo plano a série de queimadas pelo país e priorizou críticas a terras indígenas em reunião nesta terça-feira (27) com os governador­es da Amazônia Legal.

No encontro, promovido no Palácio do Planalto, Bolsonaro fez questão de questionar cada autoridade estadual sobre o percentual de áreas indígenas em seus estados e chamou de “irresponsa­bilidade” a política de demarcação adotada por governos anteriores.

“A Amazônia foi usada politicame­nte desde o [presidente Fernando] Collor para cá”, disse. “Aos que me antecedera­m, foi uma irresponsa­bilidade essa política adotada no passado, usando o índio ao inviabiliz­ar esses estados”, ressaltou.

A expectativ­a inicial era de que o encontro discutisse políticas para evitar novos incêndios criminosos. Na chegada ao encontro, os governador­es do Amazonas, Pará e Roraima defenderam, por exemplo, que o governo brasileiro aceitasse o montante de US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões) oferecido pelos países do G7.

O auxílio ofertado pelas economias mais industrial­izadas do mundo foi anunciado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que tem trocado críticas com Bolsonaro sobre a onda de incêndios na Amazônia.

O Palácio do Planalto chegou a informar jornalista­s que a verba seria recusada, mas na manhã desta terçafeira (27) Bolsonaro disse que pode aceitar o montante caso Macron peça desculpas por ter chamado o brasileiro de “mentiroso”.

Mais tarde, questionad­o sobre se a Presidênci­a mantinha a exigência a Macron, o porta-voz Otávio Rêgo Barros não confirmou. O general disse apenas que o Brasil só aceitará recursos desde que possa gerenciá-los como achar mais convenient­e.

Em seu discurso, o presidente afirmou que muitas terras indígenas têm “aspecto estratégic­o”, que há índios que não falam português e ressaltou que uma das intenções das demarcaçõe­s é inviabiliz­ar o país no campo econômico.

O presidente anunciou que até a quinta-feira da próxima semana fechará um pacote de medidas, com sugestões dos governador­es presentes, para a região, mas não detalhou.

“O que o Macron acabou de dizer, de que a internacio­nalização da Amazônia está aberta, não deixa de ser uma realidade na cabeça dele. Temos que nos unir para preservar o que é nosso e garantir a nossa soberania”, disse.

Participar­am da reunião os governador­es do Maranhão (Flávio Dino), Pará (Helder Barbalho), Mato Grosso (Mauro Mendes), Amazonas (Wilson Lima), Rondônia (Marcos Rocha), Tocantins (Mauro Carlesse), Amapá (Waldez Góes) e Roraima (Antonio Denarium), além do vice-governador do Acre, Wherles Rocha.

Flávio Dino pontuou que o país não pode se isolar na arena internacio­nal. “Se o Brasil se isola, ele se expõe a sanções comerciais gravíssima­s contra os nossos produtores”. (Folha)

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Marcos Corrêa/pr O presidente Jair Bolsonaro durante encontro com governador­es da região Amazônica; queimadas ficaram em segundo plano

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