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Atriz de ‘Malhação’, Gabz se prepara para cantar no festival Rock in Rio

No ar como Jaqueline, na trama da Globo, artista celebra conquistas ainda jovem e diz ter ‘vida um pouco atípica’

- FABIANA SCHIAVON

Gabz, 20 anos, é rapper, atriz, dançarina e poeta e está mostrando que o seu talento cabe em qualquer lugar. No ar como Jaqueline em “Malhação” (Globo), ela se prepara para cantar no Rock in Rio, em outubro, enquanto sua voz e a poesia cabem também no mundo literário.

E de onde veio tanta bagagem? “Minha vida é um pouco atípica. Vim da favela do Irajá [Rio] e já muito nova eu estava no Theatro Municipal do Rio. De repente, eu já estava numa novela. Via artistas de TV no Projac [estúdios Globo] num dia e no outro eu convivia com atores milionário­s do tablado e depois voltava pra casa de metrô lotado. Ouvia conversas de todos esses ambientes, tenho uma perspectiv­a maior por isso”, conta Gabz.

A dança foi o primeiro contato que ela teve com a arte. Enquanto estudava balé, ouvia de tudo com a ajuda de sua família, em casa. Todo domingo sempre foi dia de limpeza e movido a trilhas sonoras dos melhores tipos. O pai de Gabz sempre foi fã de Nação Zumbi e Chico Science e ainda apresentou a ela as poderosas Nina Simone e Elza Soares.

“Ele também ouve muito Madonna, sem se preocupar se os vizinhos vão questionar a sexualidad­e dele”, brinca a artista. Entre os sambas clássicos que a mãe gosta, tinha o samba-rock de Jorge Ben e de Bebeto, passando por Lauryn Hill e o rap de Sabotage. “E os vizinhos ouviam Pixote, porque na favela, todo mundo escuta música alto e não tem jeito”, diz Gabz, que hoje é fã de Ludmilla e adora a MC Sabrina.

Atuação na Globo

Seu papel em “Malhação” é a de uma menina nascida de uma mãe pobre, que se viu obrigada a assumi-la sozinha. Mais tarde, já adulta, ela se depara com um pai que tem dificuldad­e em aceitá-la.

“Minha família sempre foi muito unida, então conversei com meus pais, que tiveram pais ausentes, para construir a personagem. Nesse ponto, ela é bem diferente de mim.”

Mesmo crescida nesse caldeirão cultural, Gabz conta que absorve um pouco de tudo, mas nem sempre se sente completame­nte à vontade em todos os lugares.

Hoje, ela mora na Barra da Tijuca, bairro nobre do Rio de Janeiro, mais perto dos estúdios da Globo. Mas sempre visita a sua mãe.

“Não romantizo a pobreza. Quero ter dinheiro e ser muito rica, mas tenho uma questão muito grande com a cultura dessas pessoas, que por um acaso são pobres. Não consigo ficar longe do Irajá, mas não é a falta de estrutura que eu gosto, é do jeito de ser das pessoas”, conta a artista.

Para ela, ser rapper é o jeito mais fácil de abraçar todas essas referência­s. “Nele, eu consigo escrever, interpreta­r as minhas letras e cantar, exercer musicalida­de”, conta.

Mas Gabz também explora outros horizontes. Ela chegou a estudar ciências sociais na faculdade por alguns anos e faz slams, uma espécie de poesia falada semelhante­s às competiçõe­s de rappers.

Uma de suas criações acabou no documentár­io “Guerras do Brasil”, disponível na Netflix. “Fiquei muito feliz com o convite, porque é uma forma de validar outras formas de expressão, como o slam, no meio acadêmico. São formas novas de produzir conteúdo, até falei sobre isso também em um TED Talk [palestra], que deve ser divulgado em breve”, conta Gabz, sobre a conferênci­a de troca de ideias, que é divulgada na internet.

Enquanto ainda tem uma rotina pesada de gravação com a novela, Gabz aproveita as poucas horas que restam para trabalhar em estúdio suas próximas músicas. “Estou me preparando para o Rock in Rio, quero chegar lá com três ‘singles’ e lançar um disco logo depois do festival”.

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Instagram de @ehagabz Gabz se prepara para subir a um dos palcos do festival ‘Rock in Rio’, que acontece em outubro; ela está em ‘Malhação’

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