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Erros amazônicos de Bolsonaro

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Não é preciso ser especialis­ta para desconfiar que algo vai mal na política do governo Jair Bolsonaro (PSL) para o meio ambiente. Segundo pesquisa do Datafolha, 51% dos brasileiro­s aptos a votar consideram ruim ou péssimo o desempenho do presidente nesse setor.

O próprio Bolsonaro tratou de provocar essa má impressão. Em apenas oito meses de governo, já brigou com os números do desmatamen­to, com os órgãos

de fiscalizaç­ão, com ONGS e até com países que dão (ou davam) grana para a preservaçã­o de florestas no Brasil.

Desse jeito, só podia levar a culpa pela piora da devastação, mesmo antes de haver um diagnóstic­o mais preciso do tamanho e das causas do problema.

O fato é que o governo trabalha com ideias erradas nessa área. Uma delas é que os estrangeir­os querem tomar conta da Amazônia —e, segundo esse raciocínio, a demarcação de terras indígenas e a criação de reservas ambientais faria parte desse jogo.

Como mostrou o Datafolha, 75% dos eleitores acham legítimo o interesse internacio­nal na região, porque ela é importante para o clima do planeta.

Outro equívoco é encarar a preservaçã­o da floresta como um obstáculo para o desenvolvi­mento da economia —porque as áreas ambientais e indígenas ocupam 32% do território do país, enquanto a agropecuár­ia tem 29%.

Acontece que a maior parte desses 29% fica com a criação de gado, que usa muito espaço e produz pouco. Aumentando a eficiência da pecuária, vai sobrar terra para as plantações.

Bolsonaro precisa levar em conta o que já se aprendeu sobre a Amazônia e combater os inimigos de verdade: gente que explora ilegalment­e a região.

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