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‘Desconfio que estou ficando velho’, brinca ‘Ardiloso’ vira aposentado contemplat­ivo

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Funcionári­o aposentado da Light, José Eduardo Ladeira, 106, ajudou a puxar a fiação que permitiu a Belo Horizonte (MG) fazer interurban­os nos anos 1930. “Hoje é tudo na internet e isso nem é mais novidade. Vem muita coisa ainda”, diz, por mensagem de áudio, desde a capital mineira.

Um dos lemas do idoso é “para onde tenho que ir, eu não tenho pressa de chegar”. “Se Deus quiser, vou viver até 110. Minha tia viveu até os 108, então quero ir além”, fala. “Quero aproveitar a vida minuto a minuto. De vez em quando, tomo um vinhozinho do Porto para não morrer do coração.”

Ladeira faz pausas enquanto lembra do número de filhos, netos e bisnetos e brinca. “Eu desconfio que estou ficando velho”, diz, rindo. O aposentado da Light diz que quem quer chegar aos 100 não pode “estragar a saúde com extravagân­cias” e deve se manter otimista. Só tem algo que o tira do sério. “Leio jornal e fico danado com a política de hoje”, diz. (WC)

De “moleque ardiloso” no Nordeste a aposentado tranquilo que gosta de espiar pela janela o dia clarear. Assim se desenrola a vida do guarulhens­e Severo Francisco de Lima, 101 anos.

Lima conta que foi criança terrível. “Matava galinha do vizinho, cortava corda do cavalo do amigo. Depois, vim a imaginar que aquilo a gente não poderia fazer, não. Tenho uma paciência que é uma beleza.”

Religioso, o aposentado diz que é preciso honrar os pais e não ter vícios para ser longevo. De todos os dias vividos, um deles é inesquecív­el e ilustra bem a relação de Lima com a espiritual­idade. “Ouvi o som de uma viola tocando. Comecei a cantar, sem saber cantar cantoria nenhuma. Saiu um hino da minha cabeça, o mais lindo que nunca tinha ouvido. E aquela viola me acompanhan­do. Quando terminou, minha camisa estava molhada de água dos olhos. Não vi Deus, não ouvi a voz de Deus, mas fiquei contente com a visita Dele nesse dia.” (WC)

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