Presidente quer colocar de Pelé em escudo do Santos
José Carlos Peres já enviou proposta de mudança e o conselho deliberativo vai analisá-la
Projeto apresentado pelo presidente do Santos, José Carlos Peres, quer mudar o escudo do clube para fazer uma homenagem a Pelé. A ideia está prevista no novo estatuto, redigido por escritório de advocacia contratado pela agremiação.
Pelo projeto, o distintivo oficial do clube teria uma coroa negra em cima do escudo, já que o ex-camisa 10 é chamado de Rei do Futebol. Também estaria em sintonia com o slogan “a realeza do futebol brasileiro”, usado pelo próprio clube em seu site e na Vila Belmiro.
Pelé tem conhecimento da proposta. Segundo a assessoria de imprensa, o Rei do Futebol irá se manifestar somente depois do projeto ser encaminhado para votação. Ele jogou no Santos entre 1956 e 1974 quando deixou a equipe depois de vencer dois títulos mundiais, duas Libertadores, seis brasileiros e dez paulistas, entre outras conquistas.
A ideia não é unanimidade e encontra dificuldade entre uma parte do conselho deliberativo. Marcelo Teixeira, presidente do órgão, não quis emitir opinião. “A proposta está sendo analisada, vou aguardar um parecer para poder me manifestar”, disse Teixeira.
O parecer será apreciado pelos conselheiros e colocado em votação. Segundo Teixeira ainda não há data prevista. Alguns conselheiros, no entanto, veem a homenagem como exagerada.
“O Santos tem uma marca muito ligada ao Pelé, mas mesmo assim temos muitas dificuldades na proposta de colocar a coroa no escudo, mas infelizmente ainda há uma pequena parte que ainda resiste. Não sabem que acima da generosidade e de uma merecida homenagem ao maior jogador de todos os tempos e reconhecido mundo afora, ainda assim representa agregar em valor de marca”, afirma Peres.
Segundo o presidente, em uma reunião, um dos conselheiros (que ele não quis revelar o nome) se queixou pela coroa estar em cima do escudo.
“Um deles disse que o Pelé não é maior que o Santos. Muito triste ouvir isto, mas convenhamos não representa nada comparado à maioria absoluta dos sócios e conselheiros que realmente amam o clube”, disse.
A proposta se tornou uma das prioridades de Peres, que insistiu várias vezes com os responsáveis pela redação do novo estatuto para que fosse incluída. A última mudança no escudo aconteceu em 1996 mas foram apenas detalhes no tamanho das letras e das listras. A última alteração significativa foi realizada em 1945, quando o clube adotou a base do desenho que permanece até hoje.
Já houve vezes também em que o maior jogador da história do clube entrou na disputa política na Vila Belmiro. Avalista e apoiador da gestão de Samir Abdul-hak (1994-1999), ele era um dos principais nomes da campanha de José Paulo Fernandes na eleição de 1999 e se tornou alvo primordial dos ataques do grupo que apoiava Marcelo Teixeira, que acabou eleito.
Um deles, apesar da desaprovação de Teixeira, pendurou uma faixa em frente ao prédio em que morava Pelé, em Santos, lembrando que ele não havia reconhecido a paternidade de Sandra Regina, o que aconteceu apenas mediante teste de DNA.
Desde o início de sua gestão, José Carlos Peres vive às turras com o conselho deliberativo, que chegou a aprovar pedido de impeachment em 2018. O processo foi barrado apenas em assembleia de sócios.
“Se o time cair para a segunda divisão, eles vão lá segurar ou não? Não vão! Vão te atacar, vão colocar no relatório que você não investiu e o time caiu”, rebate Peres, lembrando que R$ 100 milhões recebidos pela venda de Rodrygo para o Real Madrid (ESP) entraram apenas em junho e vão aparecer nos próximos balanços do clube. (Folha)