Agora

Bolsonaro contra o relógio

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Com apenas oito meses no cargo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vê a rejeição ao seu governo avançar a cada nova rodada de pesquisa Datafolha.

A primeira delas, em abril, já não foi favorável: 30% dos brasileiro­s considerav­am a sua gestão ruim ou péssima, números semelhante­s aos que a estimavam como regular e ótima ou boa. Já era, logo no quarto mês, a pior avaliação de um presidente eleito em início

de mandato desde Fernando Collor.

Em junho, houve um pequeno aumento na reprovação, de 30% para 33%. Mas o que poderia ter sido uma oscilação natural, dentro da margem de erro, revelou-se uma grande dor de cabeça para Bolsonaro. No final de agosto, a rejeição bateu os 38% —uma alta significat­iva.

Convenhamo­s que não se trata exatamente de uma surpresa. Bolsonaro tem insistido em arrumar confusões quase diárias e num comportame­nto que destoa do esperado de um presidente da República. Há conflitos por todo lado: Judiciário, Congresso, bate-boca com o presidente da França, com ONGS ambientali­stas e até com o cinema nacional.

É raro Bolsonaro não soltar alguma declaração constrange­dora (para dizer o mínimo) ou adotar medidas descabidas. É por isso que não espanta que apenas 15% dos entrevista­dos julguem que o comportame­nto dele é compatível com o cargo que ocupa em todas as ocasiões —para 32%, isso não acontece nunca.

O governo toma decisões corretas na economia, mas está mal avaliado em saúde, educação e emprego, áreas sensíveis à população. Bolsonaro ainda tem 29% de apoiadores, e 45% acreditam que o governo vai melhorar. O importante agora é virar esse jogo o quanto antes. Tempo para isso ele tem de sobra.

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