Agora

Cesariana na rede pública

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Ogovernado­r João Doria (PSDB) acaba de sancionar lei que autoriza, a partir da 39ª semana de gestação, o parto com cesárea pelo SUS sem indicação médica, ou seja, por opção da mãe.

Há alguns aspectos que precisam ser observados nessa nova lei. Há muita gente que condena escolher a cirurgia por conveniênc­ia da gestante ou do médico, que podem fazer a cesariana com dia e hora marcados. Há, ainda, o medo

de eventuais sequelas do parto natural, muitas vezes mais demorado e dolorido.

Criticar o método como uma opção, e não por necessidad­e médica, pode ser contraditó­rio. Afinal, quem defende que só cabe à mulher a decisão de continuar ou não com uma gravidez deve, por coerência, admitir que ela decida também sobre como vai se dar o nascimento.

Na prática, as mães mais ricas já escolhem: em hospitais privados, mais de 80% dos partos ocorrem por cesárea, ante uns 40% na rede pública. Se essas mulheres podem, por que não estender o direito a quem depende do SUS?

A média de cesarianas no país, de cerca de 55%, é altíssima em relação à do resto do mundo, em torno de 20%. Não será restringin­do o acesso de mulheres pobres às cesáreas que isso será corrigido, mas sim com o esclarecim­ento de pacientes e profission­ais da saúde sobre os benefícios do parto natural.

Por fim, vale lembrar que o governador sancionou a lei sem que se conheça algum estudo do impacto que essa medida trará aos hospitais do estado.

Haverá médicos capacitado­s e em quantidade suficiente? E quanto ao alto custo das cirurgias? Tendo em vista a falta de pessoal e a situação financeira crítica de boa parte da rede, essa novidade ainda é uma grande dúvida.

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