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DESTAQUE DO DIA Paciente chega a ficar 2 dias em cadeira de rodas no Mandaqui

Corredor do hospital estadual também tem doentes internados em macas e em assentos comuns

- ELAINE GRANCONATO

Pacientes em macas, cadeiras de rodas e em assentos comuns improvisad­os nos corredores do prontosoco­rro adulto do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, na zona norte de São Paulo, têm esperado, ao menos, dois dias por um leito de internação ou transferên­cia para outra unidade.

A reportagem do Agora viu dezenas de pacientes nesta terça-feira (3), entre mulheres e homens de várias idades, nos estreitos corredores do hospital público da rede de saúde estadual.

Alguns deitados nas macas gemiam de dor; outros, simplesmen­te, dormiam desajeitad­os ou quase caindo das cadeiras de rodas —dois deles, inclusive, enfartados, um homem de 55 anos e uma mulher de 68 anos, segundo funcionári­os.

Com a sala de medicação lotada, muitos recebiam os remédios injetáveis em cadeiras comuns do corredor, ao lado de acompanhan­tes, em meio ao entra e sai dos profission­ais da saúde.

No início do plantão às 7h, eram 43 pessoas internadas ou em observação nos corredores do prontosoco­rro. Ao longo do dia, por exemplo, nas emergência­s de traumatolo­gia, que têm capacidade para até quatro pacientes, estavam oito. E na clínica, do total de seis, tinham nove.

“A superlotaç­ão de pacientes nos corredores do Mandaqui não é uma situação isolada”, afirmou um funcionári­o sobre as cenas vistas pela reportagem pela manhã e no início de tarde desta terça. “O problema tem ocorrido há quase duas semanas, mas teria se agravado da última sexta-feira (30) para cá”, disse.

Entre os motivos apurados estão a falta constante de médicos nos plantões, os poucos funcionári­os para alta demanda e a ausência de leitos suficiente­s de internação no próprio hospital da gestão João Doria (PSDB), principalm­ente pelo fato de ser porta aberta para os casos de urgência e emergência e atender pacientes de alta complexida­de.

“Solução”

Após a reportagem questionar a Secretaria Estadual da Saúde sobre a superlotaç­ão, por emails enviados entre 14h23 e 15h06, a situação no hospital começou a mudar. Por volta das 17h, dos 43 pacientes nos corredores, 28 permanecia­m no local. Os 15 restantes foram transferid­os a outro hospital ou subiram para outros andares ou para centro cirúrgico. “A ordem é esvaziar”, disse um funcionári­o.

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Com a sala de medicação lotada, homem recebe remédio do lado de fora; governo estadual diz que houve aumento de casos de emergência nas últimas semanas

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