Capital ganha 2.433 novas igrejas em apenas 25 anos
Crescimento é impulsionado pela expansão evangélica na periferia
Nos último 25 anos, os templos se multiplicaram em velocidade inédita em São Paulo: cerca de cem ao ano, passando de 3.346, em 1995, para 5.779, segundo dados da prefeitura.
Por trás da explosão —um salto de 73%, considerando os espaços oficialmente inscritos como igrejas— está um movimento de mudança no perfil religioso do país, em que a cerimônia dos padres deu espaço à linha carismática dos pastores.
Essa transição deixou marcas concretas na paisagem, com construções faraônicas como o Tempo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus, e locais improvisados em garagens e salões na periferia.
A tendência, acentuada nos anos 1990, mantém-se consistente. É uma variação maior do que o crescimento da cidade em área construída no período (60%), e múltiplas vezes acima daquela registrada por cinemas, teatros e clubes de rua (7%, para 571) e clubes esportivos (8%, para 561).
Ante a disseminação de templos evangélicos, a Igreja Católica se mantém como a maior detentora individual de templos. São 731, além de mais de 1.200 outros imóveis em seu nome.
Somadas, porém, as denominações protestantes são maioria. Entre estas sobressai a Assembleia de Deus e suas associadas, com 499 templos, de acordo com o cadastro de IPTU.
A igreja chegou ao Brasil com missionários suecos que se fixaram no Pará, e, segundo o chefe do departamento da ciência da religião da PUC-SP, Fernando Altermeyer Junior, é a denominação mais dinâmica entre as pentecostais. “Isso se explica pela lógica da missionaridade. Um amigo dizia que, em qualquer bairro, você vai encontrar um bar e uma Assembleia de Deus.”
Igrejas têm isenção tributária —se pagassem IPTU, levantariam R$ 130 milhões, o bastante para construir um hospital geral por ano. No que depender da Câmara, essa possibilidade é pequena. Ali também cresceu a presença da bancada evangélica, que defende seus benefícios. (Folha)