Bolsonaro defende Doria compara fala de presidente mudar teto de gastos à de Lula em 2016
Apesar de sinalização, presidente não deu detalhes sobre o que o governo pretende fazer; equipe econômica de Guedes é contra
Chamado de ‘ejaculação precoce’, governador lembra de crítica do petista
BRASÍLIA Apesar de o presidente Jair Bolsonaro ser a favor de uma mudança no teto de gastos, a equipe econômica manteve nesta quarta-feira (4) o discurso de que não trabalha para alterar a norma constitucional. Em vez disso, a diretriz no Ministério da Economia é de reformar as despesas obrigatórias.
Bolsonaro passou a defender uma mudança na norma por ver nos próximos anos a possibilidade de não haver recursos para o funcionamento do governo. “O presidente defende uma mudança nesta lei porque, se isso não for feito, nos próximos anos a tendência é o governo ficar sem recursos para pagar despesas de manutenção da máquina pública”, afirmou o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros.
“O governo não irá exigir mais impostos da sociedade para conseguir equilibrar as contas públicas, então é preciso mudar a dinâmica das despesas obrigatórias. Se isso não for feito, a partir de 2021, o teto dos gastos já será um problema”, disse Barros. Segundo ele, a equipe econômica ainda estuda “a melhor forma de solucionar” o problema em parceria com parlamentares.
Pela manhã, Bolsonaro já havia afirmado que o crescimento das obrigatórias pode eliminar as discricionárias (onde estão os investimentos, por exemplo) em dois ou três anos. “Eu vou ter que cortar a luz de todos os quartéis do Brasil, por exemplo, se nada for feito”, disse.
Criada em 2016, a emenda constitucional do teto de gastos estabelece que as despesas totais da União não podem crescer além da inflação, mesmo que a receita cresça. A norma teve como objetivo barrar o crescimento da dívida pública. (Folha)
Chamado de “ejaculação precoce” pelo presidente Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reagiu nesta quartafeira (4) e disse que foi criticado da mesma maneira pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2016, quando venceu Fernando Haddad (PT) na disputa pelo cargo de prefeito da capital paulista.
“O Lula também falava isso em 2016, quando eu me apresentei como pré-candidato do PSDB às prévias do meu partido. E, para tristeza do ex-presidente e hoje presidiário Lula, eu não só ganhei as eleições na capital como ganhei no primeiro turno do Fernando Haddad, que era então o candidato que o Lula carregava no colo e dizia que seria facilmente reeleito”, disse, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes ao lado do prefeito de São Paulo Bruno Covas (PSDB).
Em 2016, em meio à disputa pela Prefeitura de São Paulo, comparou Doria ao ex-presidente Fernando Collor de Mello e ironizou o patrimônio do tucano indicando que “o povo” não votaria em alguém “que mora numa casa que vale 10 milhões de cisnes” e que “aparece nos debates da televisão sem gravata, como se fosse uma pessoa humilde do povo”.
Em café da manhã com a Folha de S.paulo na terça (3), Bolsonaro afirmou que Doria não tem chance nas eleições presidenciais de 2022 porque é uma “ejaculação precoce”. O tucano planeja concorrer à Presidência na próxima eleição.
A primeira-dama de São Paulo, Bia Doria, repudiou a declaração Bolsonaro em redes sociai. Bia disse que o presidente usa “expressões chulas, que ferem e desrespeitam a família brasileira e a importância do cargo que ocupa”. (Folha)