Moro resiste

Sergio Moro, da Justiça, continua sendo o ministro mais popular de Jair Bolsonaro (PSL). A atuação do ex-juiz é ótima ou boa para 54% dos brasileiros que o conhecem, segundo o Datafolha.

Moro supera fácil Paulo Guedes (Economia), o segundo mais bem avaliado entre os colegas, com 34%. Até mesmo o chefe ficou para trás: Bolsonaro teve 29% de aprovação no levantamento.

Tanta popularidade não foi conquistada

em oito meses —até aqui, seu desempenho no Executivo é apagado. Moro, na verdade, ainda colhe os frutos dos tempos em que atuava à frente da Lava Jato.

Após mandar ricos e poderosos para a cadeia, algo raro no país, seria natural que ele se transformasse também, aos olhos de grande parte da sociedade, em um herói da Justiça. Até por isso, aliás, resolveu entrar para a política.

O ex-juiz aceitou um suposto superministério. E assumiu riscos que, na verdade, já viraram problemas reais. Em pouco tempo, sofreu duras derrotas e tem levado alfinetadas e rasteiras do presidente, que mina sua autoridade ao tentar influenciar na Polícia Federal.

Moro também não conseguiu transferir o Coaf, órgão de investigação que o ajudaria na luta contra a corrupção, para o seu ministério. Teve de engolir ainda o Congresso deixar de lado o seu pacote anticrime, que prevê um endurecimento da legislação.

Por fim, houve o vazamento de mensagens suspeitas trocadas entre ele e procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

Não deixa de ser um feito, portanto, manter o apoio popular diante de tantos problemas. Sinal, tudo indica, de que o combate à corrupção continua uma bandeira forte entre os brasileiros. E Moro segue forte no tabuleiro político.