Atriz está preocupada com futuro do cinema brasileiro
tiante”. Para ela, a principal explicação disso é pelo fato de a internet ser “terra de ninguém”.
Ela prossegue. “E eu fico querendo responder, mas não brigar, e sim explicar, dialogar... Só que do jeito que a coisa está, não dá”, afirma.
Julia decidiu, então, que não iria mais passar por isso. Era hora de se acalmar e recuar.
Entre a temporada de “Simples Assim” no Rio e em São Paulo, a atriz conseguiu três semanas para descansar e ficar longe da loucura das redes. Durante o período, conta que leu cinco livros e conseguiu ver várias séries e filmes.
“Agora, estou voltando aos pouquinhos [ao Instagram], colocando umas flores, umas paisagens, fotos de divulgação da peça. E estou vivendo mais pessoalmente”, diz.
Para Julia Lemmertz, no momento atual tão polarizado, a comédia é uma forma de conseguir dialogar com o outro e transmitir mensagens que não seriam alcançadas de outra forma. “Com o humor você consegue ‘desarmar’, você relaxa e tira o escudo”, diz.
A atriz diz que a peça “Simples Assim” consegue falar de política, de amor, da loucura do mundo tecnológico, entre outros assuntos, em um ritmo ágil e engraçado, e sem ser agressivo ou panfletário. ‘Simples Assim’ Sextas, às 21h30; sábados, às 21h; e domingos, às 18h. No Teatro Frei Caneca (r. Frei Caneca, 569, Consolação, dentro do Shopping Frei Caneca, tel. (11) 3472-2229). De R$ 50 a R$ 120 (aceita meia-entrada). 600 lugares. 12 anos. Até 29/9.
Julia Lemmertz vê com preocupação o futuro do cinema brasileiro e a crise da Ancine (Agência Nacional do Cinema), cujo presidente Christian de Castro foi afastado recentemente por decisão judicial.
A atriz conta que tinha dois filmes para fazer este ano, mas que foram adiados. Apesar das dificuldades, ela diz ter certeza que o momento ruim vai passar. E não por otimismo, “mas porque tudo passa. Agora, para passar, a gente tem que viver isso. Mas só vai passar com esforço, com diálogo, com ajudar quem está precisando, com vaquinha, com financiamento coletivo, com dar força para os amigos, fazer coisa sem grana, trabalhar com menos e viabilizar coisas inviabilizáveis, porque é importante dizer aquilo naquele momento”, afirma.
Julia lembra que o cinema brasileiro sempre enfrentou dificuldades, mas que agora a situação é mais grave, porque uma parte da população, “por desinformação”, concorda com o desmonte promovido pelo governo “por achar que nós, os artistas, somos o inimigo, que a gente mama nas tetas do governo e roubou junto com o PT”.
Para a atriz, é tudo uma distorção “tão bizarra” que não é mais hora de contestar ou tentar explicar, mas é hora de “agir artisticamente”.
“Temos que ter opções criativas para sobreviver dentro disso. Em algum lugar esse pesadelo vai acabar e a gente vai estar aqui, continuando a contar histórias.” A atriz diz que tem motivação para lutar por pensar no futuro dos seus filhos, Luíza e Miguel, e do neto, Martin, 3.
De férias da TV desde o fim de “Espelho da Vida” (Globo), trama das seis que terminou em abril, a atriz diz que gostaria de fazer uma série, “porque novela é mais trabalhosa”. “No tempo livre, quero ficar com Martin e com os meus filhos.” (KM)