RELÍQUIAS |
Faculdade de Direito da USP
Com 135 anos, é o relógio mais antigo da cidade. Instalado em 1884. Usa máquina mecânica francesa, com corda
Prédio Histórico dos Correios
Edificação inaugurada em 20 de outubro de 1922 e tombada como patrimônio histórico
Igreja de São Gonçalo
Fundada em 1757, abriga relógio originário da igreja do Pateo do Collegio
Relógio Público de Nichile
Instalado em 1935 e localizado na praça Antonio Prado, no cruzamento da rua São Bento (centro), fica no alto de um pedestal de ferro de oito metros. Possui três lados iguais
Praça da Sé
Relógio fabricado em Londres em 1910, só foi instalado em 1978 na praça. Em 1976, a relíquia foi encontrada em uma caixa de prédio desapropriado no Brás
Mosteiro de São Bento
Dotado de maquinário alemão movido a corda foi instalado em 1921
Conjunto Nacional
No topo do edifício projetado por David Libeskind na avenida Paulista, reluz o primeiro relógio digital público da cidade
‘Big Ben’ de Paranapiacaba
Réplica do famoso Big Ben de Londres, o relógio teve suas peças fabricadas no Reino Unido e foi montado em 1898 na vila ferroviária de Paranapiacaba, em Santo André (ABC). Recentemente, passou por restauração
A São Paulo que não para, literalmente, parou no tempo na região central. Mais precisamente nos ponteiros de quatro relógios centenários históricos, entre eles, o da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), o mais antigo da cidade e instalado em 1884 na imponente fachada neocolonial do prédio do Largo São Francisco.
Há um ano sem corda, o “exemplar” mecânico francês de 135 anos congelou seus ponteiros às 12h05. Ou seria meia-noite e cinco? De todo modo, o veterano relógio parou no tempo.
A poucos metros dali, o relógio da praça da Sé, que marca o ponto zero da cidade, também deixou de funcionar. Desde outubro do ano passado, os ponteiros registram 7h10, dia e noite.
Consequentemente, o vistoso sino no alto da torre, que só se chega após ultrapassar cerca de 70 degraus, deixou de tocar de meia em meia hora na praça da Catedral da Sé.
O que lamenta o porteiro Edson da Silva, 59 anos, morador da zona leste. “Nossa, o relógio parou faz um tempão. Eu gostava de olhar a hora. Nem o sino bate mais.”
“O relógio acaba sendo ponto de referência para informação às pessoas, já que fica ao lado da estação do metrô”, afirma o cabo da Polícia Militar Paulo Roberto Terra, 44, que há dois anos trabalha no policiamento preventivo na praça.
Outra relíquia histórica herdada da igreja do Pateo do Collegio deixou de cumprir sua missão na igreja de São Gonçalo, fundada em 1757 na Praça Dr. João Mendes. Segundo funcionária, desde “terça-feira (3)” o relógio parou.
O pároco Marcelo Jordan afirma que providenciaria o conserto. Porém, neste domingo (8) os devotos nipobrasileiros que forem à missa das 8h, celebrada em japonês, ainda encontrarão os dois ponteiros estáticos na fachada da igreja tombada: 16h19.
Também no coração da cidade, o prédio histórico do Correios de São Paulo, no vale do Anhangabaú, traz na expressiva fachada o seu relógio adornado lateralmente por duas figuras humanas e abaixo por uma guirlanda. Seus ponteiros também pararam, exatamente às 14h45.
“Faz tempo que está assim”, afirma o balconista João Augusto da Silva, 66 anos de vida e 38 no bar e restaurante Guanabara, comércio aberto no mesmo ano da fabricação do relógio da Praça da Sé, em 1910.
Colega de Silva, Gilberto Mendes, 46 anos, trabalhou por 28 anos na outra unidade do restaurante na rua São Bento, que não funciona mais. “Eu olhava todos os dias as horas no relógio lá de cima (Nichile)”, conta, referindo-se à imponente máquina que fica ao lado do Edifício Martinelli.
Exatamente o que foi fotografado com um celular pelo trio de amigas do ABC que fazia turismo nesta região do centro da capital.
“O relógio com o prédio de fundo. Ficou lindo”, afirma a química Juliana Vida, 35, de Santo André, com o aval de Bruna Sá, 31, e Camila Moura, 23.