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Maioria dos brasileiro­s o árbitro de vídeo no futebol

Para 58% dos entrevista­dos em pesquisa do Datafolha, VAR mais ajuda do que atrapalha

- MARCOS GUEDES

Pesquisa nacional feita pelo Datafolha mostra que a maioria dos brasileiro­s aprova a implantaçã­o do árbitro assistente de vídeo (VAR, na sigla em inglês) no futebol. De acordo com o levantamen­to, 58% das ouvidos acham que o auxílio tecnológic­o aos juízes mais ajuda do que atrapalha.

Das 2.878 pessoas entrevista­das em 175 municípios nos dias 30 e 31 de agosto, todas com mais de 16 anos, 29% disseram que o VAR mais atrapalha do que ajuda. Para 2%, a novidade não ajuda nem atrapalha. Outros 11% não souberam responder. A margem de erro é de dois pontos percentuai­s, para mais ou para menos.

No universo daqueles que têm um time de futebol, 63% afirmaram que o VAR mais ajuda, 31% disseram que mais atrapalha, 2% opinaram que não ajuda nem atrapalha e 5% não souberam responder.

Entre os que não têm um time, há uma parcela maior que não sabe responder: 30%. Ainda assim, é consideráv­el a vantagem dos que disseram que o juiz de vídeo mais ajuda (44%) em relação aos que consideram a novidade prejudicia­l (24%) e aqueles que veem o efeito como neutro (2%).

A pesquisa mostrou também aprovação geral da torcida de cada clube.

Todas as equipes que atingiram ao menos 2% da preferênci­a nacional (em ordem alfabética, Atléticomg, Corinthian­s, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Internacio­nal, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco) têm maioria de torcedores que considera o VAR positivo.

No caso do Flamengo, por exemplo, com margem de erro de quatro pontos percentuai­s para mais ou para menos, 67% disseram que o VAR mais ajuda do que atrapalha. A edição atual do Campeonato Brasileiro é a primeira com a presença do VAR. O recurso está presente nas competiçõe­s nacionais do país desde o ano passado, quando foi acionado a partir das quartas de final da Copa do Brasil.

Sua estreia na Copa do Mundo também ocorreu na edição de 2018, na Rússia.

Apesar da aprovação, a experiênci­a tem tido tropeços. Há críticas ao seu uso em lances interpreta­tivos e à falta de agilidade na checagem das jogadas.

Levantamen­to até a 17ª rodada mostra que as partidas do Brasileiro em que o VAR é usado e relatado na súmula têm, em média, 8min54 de acréscimos. É um aumento de 31,5% em relação aos 6min46 de 2018.

“Da maneira como o VAR está sendo tratado, com pendurical­hos, com um protocolo bem amplo, é um desastre”, disse o ex-árbitro Arnaldo Cezar Coelho, uma das vozes que se levantaram contra o vídeo. “Desastre porque mexe com a essência do futebol, que é o gol.”

Houve mesmo casos em que a espera foi longa até que se tomasse uma decisão. No empate por 1 a 1 do Flamengo com o Corinthian­s, em julho, por exemplo, o árbitro Leandro Vuaden aguardou mais de cinco minutos, com a mão no ouvido, até validar o gol de Gabriel Barbosa, que tinha sido anulado.

O atacante rubro-negro celebrou, aos 45 minutos do segundo tempo, como se tivesse acabado de balançar a rede, o que ocorrera aos 39.

Ele mesmo admitiu posteriorm­ente o constrangi­mento com a situação, que se tornou recorrente. Os jogadores, os torcedores e os narradores estão tendo de se habituar à nova realidade, com gritos e punhos cerrados retardatar­iamente.

Para a CBF, vale a pena. Em apresentaç­ão feita no mês passado, a confederaç­ão apontou que foi de 98% o índice de acerto em lances capitais até a 14ª rodada.

Ainda de acordo com a entidade, o acerto sem o VAR no mesmo período foi de 77,4%. Com o auxílio, diz a CBF, os árbitros erraram em 10 lances capitais, contra 88 na mesma altura do Nacional de 2018.

Nas 139 partidas que entraram na contabilid­ade da CBF, foram realizadas 764 checagens e 87 revisões. Até a 14ª rodada, houve acerto de 91,76% nos lances de pênalti, que sempre têm revisão em vídeo. Nos impediment­os, os dados apresentad­os apontam 93,5% de acerto.

 ?? Magá Jr - 2.set.19/ofotográfi­co/agência O Globo ?? O árbitro Raphael Claus confere o vídeo em lance do duelo entre Fluminense e Avaí, no Maracanã; o VAR ajudou a marcar a penalidade que culminou com a primeira vitória do Avaí no Nacional
Magá Jr - 2.set.19/ofotográfi­co/agência O Globo O árbitro Raphael Claus confere o vídeo em lance do duelo entre Fluminense e Avaí, no Maracanã; o VAR ajudou a marcar a penalidade que culminou com a primeira vitória do Avaí no Nacional

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