Agora

Mais jovens recém-formados ficam sem emprego no país

- LAÍSA DALL’AGNOL

Mesmo com a leve retomada do otimismo em relação ao mercado de trabalho no país, o cenário para jovens recém-formados não parece tão animador.

Pesquisa do Dieese (Departamen­to Intersindi­cal de Estatístic­a e Estudos Socioeconô­micos) mostra que, entre 2014 e 2018, a proporção de profission­ais que saem da faculdade e não conseguem arrumar trabalho passou de 8,2% para 13,8%.

“O índice preocupa, porque mostra não apenas que esses jovens estão tendo dificuldad­e em se inserir no mercado, mas que também não estão conseguind­o postos que exigem ensino superior e conhecimen­tos específico­s naquilo que se formaram”, diz Gustavo Monteiro, técnico do órgão.

A pesquisa aponta que houve uma queda no número de jovens recém-formados que trabalham em postos que exigem nível superior: de 51% para 35%.

E para aqueles que, mesmo assim, conseguem se posicionar em vagas relacionad­as à sua área de formação, a remuneraçã­o média diminuiu: passou de R$ 3.326 para R$ 2.637.

Davi Gomes, 25 anos, terminou a faculdade de Arquitetur­a no final de 2018, mas ainda não conseguiu pegar o diploma, por causa de débitos com a instituiçã­o.

“Para não ficar parado, aceitei entrar num estágio, e não numa vaga efetiva, e por um valor menor do que um salário mínimo.”

Davi diz que acaba realizando atividades não relacionad­as com a sua formação.

“Desenvolvo tarefas básicas, que já sabia antes da faculdade e que não agregam muito como experiênci­a.”

Para ele, sua situação é como uma ‘bola de neve’.

“Estou na área, mas recebendo pouco, não consigo tirar meu documento de arquiteto porque não tenho como quitar o que falta na faculdade e não consigo ganhar mais dinheiro”, diz.

Ele explica que tem de se virar para fechar as contas.

“Além do estágio, tenho uma loja virtual de revelação de fotos e trabalho como motorista de aplicativo. Quando surgem eventos de final de semana, faço bico como fotógrafo”, explica.

Gustavo Monteiro - Dieese

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Rubens Cavallari/folhapress Mesmo após faculdade, Davi Gomes aceitou estágio para não ficar parado: “Também trabalho como motorista, fotógrafo e tenho loja virtual”

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