Médicos fazem festa com cenário de favela e provocam polêmica Ex-prefeito voltará ao cargo em Mauá
Empresa diz ser inclusiva “sem abrir mão de críticas sociais” Atila Jacomussi havia sido cassado pelos vereadores da cidade em abril
Com roupa de garçom, um homem negro faz um churrasco em cima de um simulacro de laje. Roupas penduradas em um varal e até fios enrolados junto a um poste representando uma ligação ilegal de energia completam a paisagem.
O cenário fez parte da decoração de uma festa dos médicos cooperados da Unimed em São José do Rio Preto (438 km de São Paulo). A confraternização, que aconteceu na noite de sexta-feira (6), teve como tema “No país das Maravilhas” e teve diferentes cenários.
Vídeos da festa foram publicados em redes sociais e geraram reações críticas de pessoas que viram no cenário preconceito ou insensibilidade com os moradores de comunidades pobres.
Uma das pessoas que compartilhou o vídeo, a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL) classificou a decoração da festa da Unimed como um “deboche à vida nas favelas e nas periferias”.
“É revoltante que as pessoas não tenham o mínimo de bom senso e empatia ao fazer da vida da maioria da população motivo para chacota”, disse a deputada.
As imagens do evento foram recebidas com críticas também por outros internautas. “Atender na favela tem muito médico que não quer, mas fazer stories achando a representação cênica da favela exótica eles adoram! Esse povo me embrulha o estômago”, escreveu um deles, Jairo Gonçalves.
Em um dos vídeos, publicado na rede social Instagram por uma assessora da Unimed, o espaço que foi caracterizado como favela é classificado por ela como “o mais criativo da festa”. “Olha, tem até um varal”, diz a assessora durante o vídeo, sendo em seguida complementada pelo profissional que projetou o espaço: “E churrasquinho na laje, mostra lá”. (Folha)
A Unimed São José do Rio Preto informou que “a cenografia do evento usou recursos lúdicos com a intenção de despertar entre os convidados uma reflexão crítica a partir da representação de um mundo aparentemente sem sentido, como é o mundo de Alice. Assim, o evento destacou as maravilhas brasileiras sem abrir mão de fazer contundentes críticas sociais”. (Folha)
Atila Jacomussi voltará ao cargo de prefeito de Mauá, na região do ABC paulista, após a Justiça de São Paulo acatar seu recurso. Ele teve o mandado cassado pelos vereadores da cidade em abril deste ano, após ter sido preso pela Polícia Federal em dezembro do ano passado na Operação Trato Feito, sob a suspeita de pagar propina aos próprios parlamentares e a um suplente.
Devido à prisão, Jacomussi ficou afastado por 64 dias do cargo. Os vereadores consideraram, então, que houve vacância do executivo, pois a LOM (Lei Orgânica do Município) só permite o afastamento da cadeira de prefeito por até 15 dias. Ao recorrer da decisão, Atila alegou que o afastamento se deu por força maior e alheio à sua vontade. (MM)