Lava Jato denuncia Lula e irmão sob acusação de corrupção
Frei Chico é acusado de receber R$ 1,1 milhão em mesadas da Odebrecht entre 2003 e 2015
A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo denunciou nesta segunda-feira (9) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um dos irmãos dele, José Ferreira da Silva, sob a acusação de corrupção passiva continuada.
A denúncia afirma que o irmão, conhecido como Frei Chico, recebeu mesada da Odebrecht de 2003 a 2015 dentro de um pacote de vantagens indevidas oferecidas ao petista.
Segundo a acusação, o valor total chega a R$ 1,1 milhão, divididos em repasses de R$ 3.000 a R$ 5.000 ao longo do período.
Também são denunciados Alexandrino Alencar, delator e ex-executivo considerado elo da Odebrecht com Lula, Emílio Odebrecht, patriarca do grupo, e Marcelo Odebrecht, ex-presidente do conglomerado.
A nova denúncia afirma que valores foram entregues em espécie para Frei Chico em encontros marcados em São Paulo.
O relacionamento começou, dizem os procuradores, quando o irmão de Lula foi procurado pelo grupo, nos anos 1990, como interlocutor com movimentos sindicais. Segundo os procuradores, à época uma das empresas da Odebrecht pagava a ele por consultoria sindical, em serviço prestado.
Em 2002, ano em que Lula foi eleito presidente, o contrato foi rescindido. Mais adiante, segundo a denúncia, com a posse, começaram os pagamentos periódicos, sem que qualquer trabalho fosse prestado.
A equipe da Lava Jato diz que os repasses só foram interrompidos com a prisão de Alexandrino Alencar, em 2015.
Lula é incluído na denúncia porque, segundo a acusação, a Odebrecht optou pelos repasses para obter benefícios junto ao governo federal da época. Como contrapartida, é mencionada a articulação da empresa para evitar o retorno da Petrobras ao setor petroquímico, onde a Odebrecht atua por meio da Braskem.
Caberá à Justiça decidir se os cinco acusados viram réus.
A defesa de Lula afirmou que os procuradores “da franquia Lava Jato” repetem acusações já feitas em ações contra o ex-presidente envolvendo a Odebrecht. A defesa de Frei Chico nega irregularidades e diz que não há razão para falar em suborno uma vez que o serviço começou a ser prestado antes do governo do PT. (Folha)