Assassinatos caem 10% no país, mas polícias matam mais
Levantamento anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta primeiro recuo desde 2015
O número de assassinatos no Brasil caiu pela primeira vez em três anos. Foram 57.341 casos em 2018, patamar inferior ao registrado em 2014. Por outro lado, o número de pessoas mortas pela polícia no país bateu recorde no mesmo período, chegando a 6.220 casos. Isso significa que 1 em cada 10 mortes violentas no país é causada por um policial.
Os dados são do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta terça-feira (10) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A organização compila informações das secretarias estaduais de Segurança sobre homicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes em decorrência de intervenções policiais. A soma dessas informações gera o que o Fórum chama de mortes violentas intencionais, índice que ajuda a medir a violência no país.
É consenso entre especialistas que a evolução dos assassinatos nunca pode ser explicada por um só fator. A diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno, afirma que há três principais hipóteses para a redução de mortes no Brasil.
Primeiro, um trabalho específico de governos estaduais, que criaram políticas em seus estados para a redução de assassinatos, em geral com coordenação do trabalho de polícias, e conseguiram baixar suas taxas de violência. É o caso do Espírito Santo ou de Pernam
Inclui homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes por policiais
Em milhares 47,2 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Ao mesmo tempo, mortes por policiais cresceram 47% em 3 anos
Em milhares buco, que tiveram quedas entre 2017 e 2018. É a análise da realidade local que ajuda a fornecer as principais respostas para a queda de homicídios.
Em segundo lugar, afirma, há o papel das facções criminosas, com um conflito entre PCC e Comando 64 6,2 Vermelho que estourou em 2016 e chegou ao seu ápice em 2017, deixando um rastro de sangue sobretudo no Norte e no Nordeste do país, o que elevou o índice de homicídios naquele ano. Por fim, há o aspecto demográfico, com a queda de natalidade no Brasil. (Folha)