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ENTREVISTA

- LUCIANO TRINDADE

Passadas 18 rodadas, o Brasileiro tem Flamengo, Santos, Palmeiras, Corinthian­s e São Paulo como os cinco primeiros colocados. Para o português Jorge Jesus, 65 anos, treinador da equipe carioca, essa elite teria condições de brigar por títulos em ligas europeias.

“Sei o que vou dizer: Se quiserem ir para os melhores campeonato­s da Europa, na Espanha, na Itália, na Alemanha e na Inglaterra, jogam pelos primeiros seis lugares”, diz o técnico.

Na lista citada por Jesus, chama a atenção a ausência do Grêmio. O time gaúcho será o adversário do Flamengo na semifinal da Libertador­es. O primeiro jogo será no dia 2 de outubro. Neste sábado, o Rubro-negro enfrenta o Santos.

Desde que chegou à Gávea, há três meses, o português afirma ter enfrentado adversário­s muito bem treinados. “Tenho jogado contra equipes com muita qualidade do ponto de vista tático, coisa que há alguns anos não existia [no Brasil]”.

É uma opinião diferente da que ele tinha há cerca de um ano, quando concedeu uma entrevista à revista francesa So Foot. Na ocasião, afirmou que os técnicos brasileiro­s estavam ultrapassa­dos, pois sempre tiveram craques à disposição.

“Quando você tem uma grande qualidade [de atletas], que os jogadores brasileiro­s normalment­e têm e no passado resolviam sozinhos as coisas, nós treinadore­s, muitas vezes, nem precisamos olhar muito para a parte tática”, argumenta. “Quando você tem um Messi, muitas vezes, ele resolve seus problemas.” Qual foi o principal aspecto que você precisou trabalhar com o elenco do Flamengo para tornar o time mais competitiv­o?

Primeiro tivemos de incorporar nossa ideia, como uma equipe técnica nova, com ideias completame­nte novas. Não digo que são melhores, apenas diferentes. Em que sentido? Quando não temos a bola, procuramos recuperá-la rapidament­e. Nós [os portuguese­s], na Europa, fomos os primeiros a ter essa ideia de jogo. Também temos uma força defensiva, não abdicamos disso.

Quem tem o futebol mais bonito do país, o Grêmio, como diz o técnico Renato Gaúcho, ou o Flamengo?

Isso para mim não é muito importante. Eu acho que a minha é melhor. O melhor só vai se ver quando o campeonato acabar, quem ganhar os títulos serão os melhores. O que fica é isso.

Além do Flamengo, que outras equipes do futebol brasileiro poderiam competir em igualdade nas ligas da Europa?

Eu já joguei contra o Barcelona, Manchester United, Real Madrid...e eu digo: Corinthian­s, Santos, Palmeiras e São Paulo, além do Flamengo jogam pelos seus primeiros lugares nos melhores campeonato­s da Europa, na Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra. Não sei se ficariam em primeiro, segundo, terceiro ou sexto, mas jogam.

Qual a liga mais competitiv­a?

A da Alemanha. A Inglaterra tem um marketing atrás que faz uns cenários muito bonitos, mas não é aquilo tudo que julgam.

O senhor falou com técnicos brasileiro­s quando foi contratado pelo Flamengo ou algum deles o procurou?

Não. Já tinha vindo ao Brasil ver alguns jogos, mas não tenho uma aproximaçã­o profission­al com os técnicos. Conheço o Emerson Leão, o Abel Braga, o [Péricles] Chamusca.

Dos brasileiro­s, quem você acredita que poderia trabalhar na Europa?

Se o Tite pode treinar a seleção do Brasil por que não pode treinar qualquer equipe do mundo?

O senhor afirmou que os treinadore­s brasileiro­s estariam defasados.

Quando você tem uma grande qualidade, que os jogadores brasileiro­s normalment­e têm, nós treinadore­s, muitas vezes, nem precisamos olhar muito para a parte tática. Isso é normal. Não quer dizer que estão ultrapassa­dos.

 ?? Ricardo Borges/folhapress ?? O treinador Jorge Jesus, do Flamengo, durante entrevista no CT do Ninho do Urubu, no Rio; português diz que grandes paulistas jogariam na Europa
Ricardo Borges/folhapress O treinador Jorge Jesus, do Flamengo, durante entrevista no CT do Ninho do Urubu, no Rio; português diz que grandes paulistas jogariam na Europa

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