Falha na vacina contra o sarampo pode acontecer, mas ela é rara
Tipos do vírus e enfraquecimento da imunidade estão entre motivos que levam a contrair doença
Não é comum tomar a vacina contra o sarampo e contrair a doença, mas isso pode acontecer. Existem o que especialistas chamam de falhas primária e secundária. Na primária, o indivíduo recebe as doses recomendadas pelo calendário nacional de imunização e o organismo não responde à vacina; já na secundária, há perda da proteção com o passar dos anos.
“A eficácia da vacina para uma dose fica entre 85% e 90%; para duas doses é de 95% a 97%, levando em consideração um paciente saudável. Isso significa que, em uma dose, o percentual de falha da vacina gira em torno de 10% a 15% e na segunda é de 3% a 5%”, explica o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri. Ele reforça que, além de raros, casos de sarampo pós-vacina são leves.
Francisco Ivanildo Oliveira Júnior, infectologista do Sabará Hospital Infantil, diz que, quando há epidemia ou surto, o número de doentes aumenta e ficam em evidência os casos de falha primária. Kfouri alerta para a importância da vacinação. “É a única forma de interromper a cadeia de transmissão do vírus. A maior parte dos acometidos pelo sarampo são crianças menores de um ano, período em que as taxas de complicação e óbito são maiores, porque o sistema imunológico da criança responde com menos intensidade ao vírus. Então, há risco de complicações infecciosas, encefalite e pneumonias”, afirma.
Segundo o médico, a principal teoria discutida sobre a razão de haver falhas na vacina é o fato de que há 20 anos, quando se aplicava uma só dose, as pessoas eram imunizadas, mas eram expostas a casos, então esse contato funcionava como reforço.
Outra teoria relaciona o atual surto de sarampo à modificação do vírus. “Apesar de só existir uma espécie de vírus do sarampo, ele tem genótipos distintos [pequenas diferenças no material genético que determinam a linhagem]. A discussão atual é se a vacina tem menor eficácia diante desse genótipo, e por isso pessoas imunizadas estão contraindo doença, e se há necessidade de produzir vacinas de acordo com o genótipo circulante.” (Folha)