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Falha na vacina contra o sarampo pode acontecer, mas ela é rara

Tipos do vírus e enfraqueci­mento da imunidade estão entre motivos que levam a contrair doença

- PATRÍCIA PASQUINI

Não é comum tomar a vacina contra o sarampo e contrair a doença, mas isso pode acontecer. Existem o que especialis­tas chamam de falhas primária e secundária. Na primária, o indivíduo recebe as doses recomendad­as pelo calendário nacional de imunização e o organismo não responde à vacina; já na secundária, há perda da proteção com o passar dos anos.

“A eficácia da vacina para uma dose fica entre 85% e 90%; para duas doses é de 95% a 97%, levando em consideraç­ão um paciente saudável. Isso significa que, em uma dose, o percentual de falha da vacina gira em torno de 10% a 15% e na segunda é de 3% a 5%”, explica o presidente do Departamen­to Científico de Imunizaçõe­s da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri. Ele reforça que, além de raros, casos de sarampo pós-vacina são leves.

Francisco Ivanildo Oliveira Júnior, infectolog­ista do Sabará Hospital Infantil, diz que, quando há epidemia ou surto, o número de doentes aumenta e ficam em evidência os casos de falha primária. Kfouri alerta para a importânci­a da vacinação. “É a única forma de interrompe­r a cadeia de transmissã­o do vírus. A maior parte dos acometidos pelo sarampo são crianças menores de um ano, período em que as taxas de complicaçã­o e óbito são maiores, porque o sistema imunológic­o da criança responde com menos intensidad­e ao vírus. Então, há risco de complicaçõ­es infecciosa­s, encefalite e pneumonias”, afirma.

Segundo o médico, a principal teoria discutida sobre a razão de haver falhas na vacina é o fato de que há 20 anos, quando se aplicava uma só dose, as pessoas eram imunizadas, mas eram expostas a casos, então esse contato funcionava como reforço.

Outra teoria relaciona o atual surto de sarampo à modificaçã­o do vírus. “Apesar de só existir uma espécie de vírus do sarampo, ele tem genótipos distintos [pequenas diferenças no material genético que determinam a linhagem]. A discussão atual é se a vacina tem menor eficácia diante desse genótipo, e por isso pessoas imunizadas estão contraindo doença, e se há necessidad­e de produzir vacinas de acordo com o genótipo circulante.” (Folha)

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